Mensageira do progresso, a locomotiva a vapor invadiu o imaginário do século 19 e até hoje nos remete ao período em que permitia o intercâmbio entre vários países e povos. Passear em uma dessas Marias-Fumaças permite viajar no tempo e, quando as ferrovias são em Minas Gerais, conhecer um pouco mais desse Estado de relevância histórica e cultural para o Brasil.
Uma das atrações mais disputadas e conhecidas para quem visita São João Del Rey ou Tiradentes é, sem dúvida alguma, o passeio de trem entre as duas cidades. Na verdade, a Maria Fumaça é o grande destaque, por ser a mais antiga do País em operação.
O percurso pelos 12 km da Estrada Real é feito em cerca de 40 minutos. Para quem parte de Tiradentes, a antiga estação é modesta, mas o passeio é de uma rara beleza.
Uma vasta flora enriquece a paisagem do percurso, caminho aberto entre o Cerrado e a Mata Atlântica que oferece aos passageiros as belas imagens da Serra de São José.
Em agosto deste ano, a estrada de Ferro Oeste de Minas completou 133 anos. Inaugurada em 1918, por Dom Pedro II, permite o passeio pela antiga Estrada Real.
Desde sua fundação, a centenária ferrovia nunca parou de funcionar. Além das belezas naturais, o passeio reserva também ao turista apreciar a Rotunda, o Museu Ferroviário e visualizar o curioso giro da locomotiva, em que ela inverte sua posição no trilho para retornar a viagem em uma manobra manual.
Mas, devido à fama do passeio, não deixe de garantir os ingressos com antecedência. Em feriados prolongados ou em alta estação, as filas são grandes na bilheteria e, às vezes, só se consegue comprar para dois dias depois. A Maria- Fumaça realiza dois horários de passeios de sexta a domingo.
Museu Ferroviário e trajes de época
Quando se pega a Maria- -Fumaça em Tiradentes, ao descer na estação de São João Del Rey pode-se visitar o Museu Ferroviário, tombado pelo patrimônio histórico em 1989. Ele proporciona uma viagem pela origem das ferrovias brasileiras, por meio de painéis, locomotivas, maquinários e roupas.
É possível registrar esse momento de forma marcante. Um dos vagões desativados do trem foi transformado em um estúdio de fotografia, com roupas e acessórios de época que permitem ao turista fazer fotos com caracterizados como nas décadas glamourosas desse transporte. É como entrar em uma verdadeira ‘Máquina do Tempo’, nome do estúdio.
Após selecionar os trajes, as fotos são feitas nos vagões, com a estação e os trilhos ao fundo, ou seja, um cenário genuíno, que nos faz sentir realmente envolvidos no clima charmoso do século 19.
Outra locomotiva encanta os turistas em Minas: o Trem da Vale, que faz o rico percurso de 18 km entre Ouro Preto e Mariana. A natureza oferece como cenário da viagem vales, túneis, cachoeiras e paredões de pedra, bem típicos de Minas Gerais. “Adoro passeios de trem. Eles revelam a história do lugar. O Trem da Vale anda a 20 km/h, bem lentamente, e em 1h vai passando por uma paisagem maravilhosa, túneis e antigas fazendas com seus galpões”, comenta o assistente de coordenação da Miró, César Contin Russo.
Nas linhas férreas, que remontam ao final do século 19, o passeio é realizado em cinco vagões de passageiros que preservam o desenho dos antigos trens, com seus bancos em madeira. Mas um deles reserva um diferencial – o vagão panorâmico. Por conta da sua estrutura transparente, é possível apreciar todo o esplendor da paisagem. “É um passeio bem turístico. Antes de iniciar o roteiro, o maquinista explica detalhes da viagem. Mesmo já tendo feito algumas vezes, sempre vale a pena, tanto pelo valor histórico como pelas paisagens”, declara Russo.
O trecho da rodovia foi revitalizado em 2006 pela Vale, que também restaurou as estações das duas cidades. “A estação de Ouro Preto tem exposição no hall, uma sala de memórias onde se pode assistir a depoimentos de moradores antigos e um Vagão Café. Além de uma maquete com os lugares percorridos pelo trem. A estação é fantástica, uma verdadeira aula da história da Ferrovia”, detalha.
Para desfrutar do passeio é necessário se programar, porque o trem circula para turistas somente aos sábados, com dois horários, e aos domingos, com três.
Fonte: Jornal A Cidade, 07/09/2014