RIO — Um dia depois de avisos falsos terem sido colados em vários trens da SuperVia, um outro cartaz atribuído ao poder público e à concessionária, com mensagem mais agressiva, foi fixado numa porta de uma composição. O novo cartaz faz crítica à empresa e à Agência Reguladora de Serviços Públicos Concedidos de Transportes Aquaviários, Ferroviários, Metroviários e de Rodovias do Estado do Rio de Janeiro (Agetransp). A mensagem diz: “A SuperVia é isenta de pagar os milhões de reais em multas que deve aos cofres públicos porque a Agetransp é uma agência reguladora de fachada, composta por pessoas ligadas aos governantes e a empresários do setor de transporte’’.
De acordo com a SuperVia, o novo cartaz foi colado na última sexta-feira. Câmeras de segurança flagraram um homem fixando o aviso falso na porta de um vagão. No entanto, o vídeo não mostra o rosto da pessoa. Porém, gravações feitas na quinta-feira, quando foram colados os primeiros cartazes, permitem a identificação de um suspeito. Trata-se de um jovem alto, de barba e cabelo preto, de óculos, que usava uma mochila na frente do peito e que tem uma tatuagem no braço esquerdo, na altura do cotovelo.
A Polícia Civil já está analisando as imagens do circuito de segurança da SuperVia. Mesmo assim, a concessionária informou que vai contratar especialistas para analisar as imagens do suspeito.
Os avisos falsos colados nos trens exibem logomarcas da SuperVia, do governo estadual e da prefeitura. O primeiro cartaz, com a frase “em horários de pico, pode ser necessário que você deixe outras pessoas sentarem no seu colo’’, teve grande repercussão nas redes sociais. Uma foto da mensagem foi publicada na página do Facebook “SuperViaVPC — Vergonha para o povo carioca” e teve milhares de compartilhamentos. A mesma comunidade virtual postou montagens com outras frases e um cartaz em branco, com o qual internautas são estimulados a criar suas próprias frases.
A SuperVia suspeita que o caso tem motivação política, já que os cartazes foram colados às vésperas das eleições. A concessionária destacou que, há aproximadamente duas semanas, ocorreu um grande tumulto num vagão feminino, que teria sido provocado por um rato. A empresa fez uma vistoria no trem e mobilizou funcionários para conversar com as passageiras. Segundo a SuperVia, nenhuma pessoa confirmou ter visto o rato.
A concessionária registrou uma queixa contra a colagem dos cartazes na Delegacia de Defesa de Serviços Delegados. O delegado Alessandro Petralanda instaurou um inquérito para apurar os crimes de falsificação de marcas e de e utilização de símbolos de órgãos da administração pública. O responsável pode receber uma pena de até seis anos de prisão.
Fonte: O Globo, 23/09/2014