Apesar de promessa, projeto do novo bonde de Santa Teresa não tem avanço

RIO — Apesar da promessa do estado de que os trabalhos seriam retomados no mês passado, as obras de implantação dos bondes em Santa Teresa estão em ritmo lento. Na segunda-feira, uma equipe do GLOBO não encontrou operários entre o Largo do Curvelo e o Largo dos Guimarães. Na área entre a Praça Odylo Costa Neto e o Largo do Curvelo, há buracos, montes de areia e pedaços de tapumes caídos. Na esquina das ruas Paschoal Carlos Magno e Almirante Alexandrino, lixo e galhos secos sobre trilhos empilhados são a prova de que operários não têm passado por lá. Só no fim da manhã, três trabalhadores apareceram num dos canteiros.

— Eu não vejo ninguém trabalhando aqui há mais de uma semana. O pior é que isso afeta o movimento do comércio — lamenta Debora Gaerner, moradora do bairro e que trabalha na bonbonnière do Cine Santa Teresa. — Ainda por cima, eles fazem e refazem as obras a toda hora. Essa cratera em frente ao cinema já foi aberta e fechada várias vezes.

O secretário estadual de Transportes, Carlos Roberto Osorio, admitiu que a obra está atrasada e disse que deu um ultimato ao consórcio responsável pelos trabalhos, multado em R$ 900 mil no mês passado. Osorio, no entanto, garantiu que os operários estão trabalhando normalmente.

— Chegamos ao limite. Demos um prazo até junho para que sejam concluídos o assentamento de paralelepípedos e o trecho Carioca-Curvelo. Além disso, até lá a pista sentido Largo dos Guimarães da linha Curvelo-Largo dos Guimarães deverá estar concretada e com trilhos — disse Osório, prometendo afastar o consórcio e fazer outra licitação caso os novos prazos sejam descumpridos.

OS RISCOS DOS BURACOS

Segundo a diretora de Comunicação da Associação de Moradores e Amigos de Santa Teresa (Amast), Cláudia Schuch, quem vive ou trabalha no bairro sofre com os buracos e a poeira das obras, que chegaram a ser totalmente paralisadas por cerca de uma semana em abril.

— Os moradores sofrem para andar nas ruas esburacadas. O importante não é quando vão inaugurar o bonde, e sim evitar que ocorram acidentes, doenças, assaltos e todo tipo de transtorno por que estamos passando — reclamou.

Casos de tombos e acidentes mais graves, como o do táxi que caiu no buraco dos trilhos em abril, preocupam a população do bairro. No Largo dos Guimarães, comerciantes se juntaram e improvisaram pequenas pontes. De tanto ver pedestres no sufoco ao tentar atravessar a rua, o dono do Bar do Arnaudo, Arnaudo Gomes de Souza, encomendou dez pequenos estrados de madeira para instalar sobre um buraco.

Orçada em R$ 90 milhões, a obra — prevista para ficar pronta até o fim de 2015, de acordo com o último prazo — já está atrasada. Do total de 17 quilômetros previstos, segundo Osório, somente 25% foram executados. Diretor comercial da Elmo Eletro Montagens Ltda, André Lopes Sant’Ana, responsável pelo projeto, disse que o contrato “está sendo renegociado” com o estado e que o prazo para a conclusão da obra ainda não terminou.

Fonte: O Globo, 09/06/2015

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