CNI identifica 86 projetos de infraestrutura no Sudeste

“É preciso ter visão sistêmica, integrando a malha de transportes e identificando onde é possível obter benefícios”, afirma Wagner Cardoso, gerente de infraestrutura da CNI.

Levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) em parceria com a consultoria Macrologística identificou 86 projetos prioritários de infraestrutura no Sudeste que totalizam R$ 63,2 bilhões de investimentos. Se concluídos até 2020, esses projetos proporcionarão economia de R$ 8,9 bilhões por ano com a redução de custos logísticos para o setor produtivo, ampliando a competitividade da região e do país. O estudo, o último de uma série que abordou as prioridades da malha de transportes de cada região brasileira, será lançado hoje, em evento em Belo Horizonte, Minas Gerais.

Os projetos estão distribuídos em oito eixos logísticos, rotas que integram o Sudeste com outros estados e que seriam capazes de assegurar movimentação ágil e eficiente de insumos e mercadorias. Três desses eixos beneficiam diretamente a economia do Estado do Rio. Os investimentos em território fluminense vão desde obras na Via Dutra (BR-116) até construção de ferrovias, como a EF 118 (Ferrovia Rio-Vitória), passando pela ampliação do Porto do Açu, em São João da Barra, no Norte Fluminense.

Segundo o estudo, batizado de “Sudeste Competitivo”, apenas 16 das 86 obras prioritárias estão em execução. Em valores, 70% estão na fase de planejamento ou na categoria idealizadas. Mais da metade não têm fonte de financiamento clara. Os recursos privados são 30% do total.

— O importante é termos planejamento para quando o país voltar a crescer — diz Wagner Cardoso, gerente de Infraestrutura da CNI, reconhecendo que dificilmente as obras estarão prontas até 2020.

O levantamento será entregue ao governo com o objetivo de contribuir para a definição de prioridades das políticas públicas de transportes. O Sudeste representa mais da metade do PIB brasileiro e abriga o mais denso parque industrial do país. Em 2012, a produção industrial da região somou R$ 1,08 trilhão.

Duas ferrovias-chave para o aumento da competitividade da região, a EF 118, que liga o Porto do Rio ao Porto de Vitória, e a EF 354, Anápolis (GO) ao Porto do Açu, passando por Ipatinga (MG), são exemplos de projetos que não saíram do papel. A EF 118 foi incluída na segunda versão do Programa de Investimento em Logística (PIL), junto com a MRS, ferrovia em operação. Os investimentos previstos neste eixo montam R$ 5 bilhões.

Segundo a Secretaria Estadual de Transportes fluminense, os governos de Rio e Espírito Santo estão elaborando modelo econômico-financeiro e de concessão para a ferrovia, sem data para a licitação.

— É uma ferrovia essencial para o desenvolvimento da região. Ligará o Porto do Rio a outros 17 terminais — avalia Rodrigo Villaça, presidente da sessão ferroviária da Confederação Nacional do Transporte.

Já a EF 354 sequer foi incluída no programa de concessões. Seu traçado compreende a parte inicial da ferrovia transcontinental, que conectará o Atlântico ao Pacífico. No PIL 2, foi incorporado o trecho de Campinorte (GO) a Rio Branco (AC), deixando a ligação de Anápolis a Porto do Açu de fora. De acordo com o Ministério dos Transportes, há estudos para a inclusão desse trecho numa fase posterior.

Os investimentos nesse eixo, que compreendem a ferrovia e obras no Açu, somam R$ 26,4 bilhões. Ao contrário do que ocorre com a ferrovia, muitas obras no porto estão em andamento e todas devem terminar até 2020, segundo a Prumo, empresa que comprou o controle do complexo portuário do empresário Eike Batista.

FERROVIAS: 48% DOS RECURSOS

Dos 86 projetos, 32 são do modal ferroviário. Em valores, as ferrovias concentram 48% do total (R$ 30,6 bilhões), seguidas de portos (R$ 16,6 bilhões em 22 projetos) e rodovias (R$ 14,7 bilhões para 41 projetos). O modal dutoviário (dutos) tem apenas um projeto, orçado em R$ 1,2 bilhão.

— É preciso ter uma visão sistêmica, integrando a malha de transportes e identificando onde é possível obter os melhores benefícios com os menores custos — afirma Olivier Girard, diretor do projeto e sócio da Macrologística.

Entre as rodovias, a maior parte das intervenções é na malha existente, para superar gargalos. No Rio, o trecho da BR 116 (Barra Mansa-Volta Redonda), por exemplo, recebe 43% mais carga do que a rodovia comporta em horários de pico.

Segundo a CCR, concessionária responsável pela Via Dutra, há projeto executivo para a construção de uma pista de descida na Serra de Araras, em negociação com o governo. A questão é o retorno do investimento, já que a receita com pedágio não prevê gastos com esses projetos.

Fonte: O Globo, 26/10/2015

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