O que é o VLT e como funciona?
Com a promessa de ser uma versão moderna e mais rápida dos bondes tradicionais, o VLT Carioca tende a substituir ônibus e automóveis em um percurso no centro da cidade. De acordo com o secretário municipal de Transportes do Rio de Janeiro, Rafael Picciani, o sistema conectará a região portuária ao centro e será o principal meio de integração com todos os modais de transporte. O veículo será um dos primeiros do mundo a trafegar sem as chamadas catenárias – cabos suspensos para transmissão de energia -, uma vez que trabalha com base em um mecanismo que permite o veículo ser energizado a partir de pontos distribuídos ao longo da linha.
A ideia é que a circulação do VLT seja feita de maneira compartilhada com os carros. O sistema de Veículo Leve sobre Trilhos vai dispor de um código próprio de sinalização luminosa, que será respeitado pelo condutor bem como a sinalização viária e ferroviária, acatando normas acordadas entre a Concessionária VLT e a Secretaria Municipal de Transportes, através da Companhia de Engenharia de Tráfego do Rio, a CET-Rio.
De onde surgiu a inspiração para trazer isso ao Rio?
Segundo o secretário de Transportes, o VLT passou a ser visto pela gestão municipal uma vez que se mostrou a solução que muitos países encontraram para diminuir significativamente o impacto no trânsito das grandes cidades. “Mais de 400 cidades já operam com sucesso esse sistema. Os modelos em Barcelona, na Espanha; Montpelier e Bordeaux, na França são exemplos de referência”, lembra Picciani.
Quando as obras começaram, em que pé estão e quando devem ser concluídas?
Com início em janeiro de 2014, as obras do VLT estão sendo conduzidas pela Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro (Cdurp). De acordo com a Secretaria Municipal de Transportes, a evolução da implantação de trilhos, contratação de equipamentos e material no momento está em 70% . A promessa é o sistema ser entregue em duas etapas: abril e julho.
Qual o trajeto que o VLT deve percorrer e de que maneira impactará o trânsito no centro da cidade?
A rede do VLT terá 28 quilômetros e 32 paradas. O primeiro trecho do sistema, que ligará a rodoviária ao Aeroporto Santos Dummont, está previsto para entrar em operação no primeiro semestre deste ano. O segundo, que vai da Central do Brasil à Praça XV, será entregue à população no segundo semestre. De acordo com o secretário de Transportes, a expectativa é que, com a implantação do VLT e a reorganização dos ônibus na região, o tempo de viagem será reduzido em 30%. Além disso, haverá impacto para os pedestres, que contarão com um Boulervard de 600 metros na avenida Rio Branco, uma das principais da cidade. Nesse trecho, a pista será compartilhada com o VLT e ciclofaixa, nas proximidades da Cinelândia, onde fica o Theatro Municipal, o Museu Nacional de Belas Artes e a Biblioteca Nacional. Entre as ruas Nilo Peçanha e Santa Luzia o VLT e ciclofaixa separados por um canteiro. Outros pequenos trechos terão ciclovia próximas ao trilhos, como no entorno da Cidade do Samba, na altura da Rodoviária Novo Rio e em uma parte da avenida Rodrigues Alves.
De que maneira o VLT será interligado aos outros meios de transporte, como ônibus, metrô e trem?
A ideia é o VLT ser o principal transporte de integração da região central. Haverá estações de integração no Aeroporto Santos Dumont, na Rodoviária Novo Rio, no metrô (próximo às estações metroviárias da Cinelândia, Carioca, Uruguaiana e Central do Brasil), trem (na Central), teleférico da Providência (também próximo à Central), barcas (estação Praça XV), além de ligações com terminais de ônibus, o que possibilita a integração com linhas municipais e intermunicipais.
Vale lembrar que o VLT utilizará um sistema próprio de geração de energia pelo solo para circular e combustíveis fósseis. O abastecimento de energia será feito pelo sistema APS (alimentação pelo solo), que é uma espécie de terceiro trilho.
O VLT é parte de um projeto mais amplo, de reorganização da região central do Rio? Como ele funciona?
O VLT é parte do projeto Porto Maravilha, criado com objetivo de revitalizar toda a região portuária, que estava abandonada por décadas pelo poder público. Para isso, a Prefeitura do Rio criou a Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro (Cdurp) para administrar a operação urbana consorciada Porto Maravilha.
A operação urbana receberá 8 bilhões de reais em obras e serviços públicos municipais (operação de trânsito, limpeza urbana, coleta de lixo e manutenção de vias e praças) até 2026. O investimento se dará em 5 milhões de metros quadrados da Região Portuária nos limites das avenidas Presidente Vargas, Francisco Bicalho, Rodrigues Alves e rua Primeiro de Março e prevê implantação de 4,8 km em túneis; reurbanização de 70 km de vias e 650 mil m² de calçadas; reconstrução de 700 km de redes de infraestrutura urbana (água, saneamento, drenagem, telecomunicações, energia, gás natural e iluminação pública), construção de 17 km de ciclovias, além da previsão de plantio de 15 mil árvores.
A promessa é o VLT funcionar 24 horas por dia. Qual o custo disso?
O VLT vai operar 24 horas por dia nos sete dias da semana. O novo meio de transporte tem custo de implantação de 1,157 bilhão de reais. Após sua inauguração, ele será administrado pela mesma concessionária responsável pela implantação, a VLT Rio, que ficará responsável pela manutenção. O valor da passagem ainda não está definido.
De onde saem os recursos para a implantação do VLT?
Do 1,157 bilhão de reais necessário para a implantação, 532 milhões de reais vêm de recursos federais do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) da Mobilidade, e 625 milhões de reais viabilizados por meio de uma Parceria Público-Privada (PPP) da Prefeitura do Rio.
Fonte: Carta Capital, 01/02/2016
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