RIO – Desativado em 1966, o ramal dos bondes de Santa Teresa entre a Rua Francisco Muratori e o Largo do Curvelo voltou a funcionar 50 anos depois, no fim de janeiro, numa cerimônia que ficou marcada pelo enguiço do veículo na viagem inaugural. Desde segunda-feira passada, podem ser vistos no local as faixas alusivas ao evento, instaladas pelo governo do estado, os trilhos e as placas indicativas dos pontos. Mas não o bonde. A Secretaria estadual de Transportes decidiu suspender o serviço, que ainda opera em fase de testes, por tempo indeterminado, porque uma galeria de águas pluviais, de responsabilidade da prefeitura, se rompeu próximo aos trilhos, causando o afundamento de um pedaço da rua. Havia o risco de a situação se agravar com a trepidação que sempre ocorre com a passagem do veículo.
A causa do problema ainda não é conhecida, mas especialistas e moradores culpam tanto o estado quanto a prefeitura. A Secretaria estadual de Transportes atribuiu o acidente com a tubulação às fortes chuvas que caíram há mais de uma semana na cidade. No entanto, a Secretaria municipal de Conservação não confirmou que essa foi a razão. Segundo nota do órgão, a causa só será conhecida “quando uma sondagem for realizada. Ainda não é possível dizer quando o serviço será concluído”.
O trecho passou por uma inspeção inicial no fim da tarde desta terça-feira, depois de a secretaria ter sido procurada pelo GLOBO. Uma nova vistoria será feita nesta quarta-feira.
O presidente do Clube de Engenharia, Pedro Celestino, visitou o local também na tarde desta terça-feira, a convite do GLOBO. Ele constatou que o problema atingiu pelo menos cem metros da galeria. Pedro verificou que houve afundamento da via em alguns pontos, inclusive do lado oposto ao dos trilhos. Em alguns trechos, era possível sentir cheiro de esgoto, o que, para ele, sinaliza a existência de instalações clandestinas na rede de águas pluviais. Na avaliação do especialista, a prefeitura tem responsabilidade pelo acidente, por não ter investido em conservação.
— Galerias como essa foram projetadas para receber grande volume de chuvas. Elas devem ser vistoriadas e limpas principalmente nos períodos menos chuvosos. Pela extensão dos estragos, é provável que estivessem obstruídas por falta de manutenção. Por fim, a prova de que a manutenção não é eficiente foi a demora para vistoriar o local. Os reparos já deveriam ter começado —criticou ele.
A Secretaria de Conservação não respondeu à pergunta sobre quando foi feita a última manutenção da galeria.
Por sua vez, o secretário da Associação de Moradores de Santa Teresa (Amast), Sérgio Teixeira, disse que a entidade já havia alertado o governo estadual sobre a fragilidade das galerias do bairro, que são muito antigas. Uma das reivindicações que a Amast vem fazendo ao estado, para garantir uma operação mais eficaz do serviço, é que os trechos já recuperados para os bondes só sejam liberados para o tráfego após uma inspeção detalhada das galerias de serviços.
— Antes da reabertura da Francisco Muratori para os bondes, Cedae e Light fizeram inspeções em suas galerias. A prefeitura, que deveria inspecionar as redes de águas pluviais, não apareceu. Em lugar de esperar a inspeção do município, mesmo assim o estado decidiu reabrir o trecho para os bondes. O resultado é esse — disse Sérgio Teixeira.
Em 2011, um acidente com um dos bondes de Santa Teresa deixou cinco mortos e 57 feridos. Na época, o estado anunciou que ia recuperar o sistema. O objetivo era concluir as obras até a Copa do Mundo de 2014. O prazo não foi cumprido e, depois de seguidos adiamentos, a previsão agora é para o fim de 2017.
Fonte: O Globo, 23/03/2016
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