VLT do Rio, impressões de primeira viagem

Semana passada, em meio aos eventos sobre mobilidade urbana, conseguimos sair mais cedo de um seminário no Rio de Janeiro e escapar até o Centro da cidade. A ideia era experimentar o novo bonde (o veículo leve sobre trilhos) que parece ter caído nas graças do carioca.

Uma primeira constatação: não há os tradicionais fios de alimentação ao longo das vias, como é comum nos bondes e trams de outros países. O Rio de Janeiro é uma as primeiras cidades do mundo a operar composições elétricas alimentadas por supercapacitores: a carga do sistema é realizada por meio de um trilho central, que é energizado apenas no trecho sobre a composição, e em cada uma das paradas, sob as plataformas de embarque. Há também um sistema de regeneração de energia, que aproveita a energia em cada frenagem.

Outro ponto importante é a acessibilidade do sistema, graças às rampas que permitem o acesso de cadeirantes, carrinhos de bebês e malas com rodinhas sem grandes esforços. Todas as paradas são bem sinalizadas, com paineis luminosos, mapas e indicadores do tempo de espera.

O pagamento da passagem é feito somente por meio do Bilhete Único, cartão magnético que pode ser usado também no metrô, ônibus, BRTs e trens da região metropolitana. Não há catraca a bordo: os passageiros devem validar seus cartões nos vários sensores dispostos ao longo da composição. Caso isso não seja feito, a multa é de R$ 170,00, avisam os funcionários da operadora. Equipamentos eletrônicos disponíveis em todas as paradas permitem o carregamento dos cartões. Tarifa: R$ 3,80.

O veículo é silencioso, salvo pela campainha de advertência, que avisa pedestres e outros veículos da aproximação da composição. Internamente, com ar condicionado, o silêncio somente é quebrado pelos avisos sonoros da chegada a cada estação. A circulação é suave, sem arrancadas ou frenagens bruscas, em velocidade de 10 a 30 km/h, sendo reduzida nos trechos de maior circulação de pedestres.

No momento, a linha funciona entre o Terminal Rodoviário e o Aeroporto Santos Dumont, passando pela área do antigo porto, que foi liberada após a demolição da via elevada perimetral. Nesse trecho, os trilhos estão assentados sobre um leito gramado com jardins recém-plantados, conformando um ambiente amigável, de convivência tranquila para pedestres e ciclistas.

De forma geral, os cariocas parecem estar muito satisfeitos e orgulhosos com a novidade. Um ponto a melhorar é o intervalo entre os trens: em alguns momentos a espera chega a 15 minutos, situação que segundo a operadora deve mudar à medida em que novas composições sejam entregues e passem a operar. Vamos aguardar.

Fonte: ANPTrilhos, 11/10/2016

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