Maior operadora de ferrovias do País, a Rumo Logística caiu em desfavor após os controladores anunciarem um aumento de capital de R$ 2,4 bilhões.
Um dos gestores de fundos de hedge do Brasil com melhor desempenho está comprando ações de empresas altamente endividadas, apostando que elas têm muito a ganhar com o corte dos juros que estão entre os mais elevados do mundo. Na próxima quarta-feira, dia 30, o Comitê de Política Econômica (Copom) do Banco Central anuncia a taxa Selic (referência para juros no país), que deve sofrer redução de 0,25 ponto percentual e ficar em 13,75%. No fim do ano que vem, a taxa deve estar em 10,75%, apontam os economistas consultados pelo BC para elaboração da pesquisa Focus. O raciocínio é que papéis de companhias como BR Malls Participações e Cia. Paranaense de Energia (Copel) foram prejudicados por temores em relação às despesas para serviço da dívida (juros). No entanto, esses custos devem recuar nos próximos meses e anos, contanto que o BC realize os cortes de juros esperados pelos analistas, explicou Luiz Alves, gestor do fundo de ações que superou 96% de seus pares neste ano.
— A oportunidade que estamos vendo agora são ações expostas a taxas de juros — disse Alves, gestor do Versa Long Biased FI Multimercado, em São Paulo.
Ele prevê que o Ibovespa ficará praticamente inalterado nos próximos meses, após um salto de 64% em dólares no acumulado do ano, o que representa o melhor desempenho do mundo para um índice acionário de referência. O Versa, que utiliza alavancagem para impulsionar o retorno, acumula ganho de 177%.
A operadora de shopping centers BR Malls viu sua taxa de alavancagem quase dobrar no último ano e está em desvantagem em relação ao Ibovespa. A dívida da Copel mais que dobrou em três anos. Alves também gosta da Gafisa, por acreditar na retomada da construção civil e na demanda maior por financiamento imobiliário quando os juros caírem.
O maior ativo do minúsculo fundo de R$ 6,5 milhões é a Cia. de Locação das Américas (Locamerica), que lidera os ganhos do fundo neste ano. Alves viu o papel negociado com desconto de 35% em relação ao valor da frota de 30 mil veículos. A ação subiu 86% em dólares neste ano.
A alavancagem do Versa aumenta sua exposição a ações ao equivalente a aproximadamente R$ 20 milhões. A GTI planeja um roadshow no início do ano que vem para promover o fundo e atrair mais investidores, informou Alves. Ele é sócio da GTI Administração de Recursos, gestora de ativos estabelecida em 2007 que também tem R$ 100 milhões em ativos no fundo GTI Dimona Brasil FIA, que registra desempenho superior ao de 97% de seus pares.
A pior aposta do Versa neste ano foi na Rumo Logística, maior operadora de ferrovias do País, que caiu em desfavor após os controladores anunciarem um aumento de capital de R$ 2,4 bilhões. A ação avançou somente 15% em dólares neste ano.
Após a disparada do Ibovespa em 2016, Alves planeja apostar na queda de ações que atingiram níveis de “minibolha”, diante das previsões de lentidão do crescimento econômico. Uma aposta a descoberto é na ação da rede de farmácias Raia Drogasil, que quase dobrou nos últimos dois anos.
Fonte: O Globo, 28/11/2016
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