Além dos bancos, empresas de investimento chinesas, como a Pengxin, Fosun e China Communications Construction Company (CCCC), têm ampliado a presença no mercado local.
O movimento de investimento de empresas chinesas no Brasil já vem acontecendo há algum tempo, mas a implicação de grandes construtoras brasileiras na Operação Lava-Jato trouxe a oportunidade de entrada em setores como o de infraestrutura. “Esse mercado era muito fechado, o que impedia empresas estrangeiras de entrar no Brasil”, diz Eduardo Centola, sócio do Banco Modal.
A CCCC, que tem parceria com o Banco Modal, está olhando para projetos na área de ferrovias, portos e rodovias. O grupo tem interesse em participar do leilão de concessão da ferrovia Norte-Sul, previsto para 2018.
O Modal tem uma parceria com a CCCC por meio de uma joint venture, que inclui o grupo australiano Macquarie, e busca investimentos na América Latina. Além dessa parceria, o Modal atua como assessor da CCCC no Brasil e participou da operação de aquisição da Concremat Engenharia, por R$ 350 milhões, no ano passado. O banco está agora buscando financiamento com instituições financeiras da China para o investimento da CCCC na construção de um porto em São Luís. “Será R$ 1,7 bilhão de investimento e estamos finalizando o pacote de financiamento através de bancos e seguradoras chinesas a um custo interessante de longo prazo”, diz Centola.
O Modal também assessora outros fundos e empresas chinesas que querem investir no Brasil. O banco está trabalhando para um investidor chinês interessado no setor de telecomunicação e deve receber, nesta semana, uma comitiva de investidores que buscam negócios no setor de saúde.
Segundo Centola, a turbulência política não tem afetado o interesse dos asiáticos pelo Brasil, uma vez que eles têm uma visão de investimento de mais longo prazo. “Pelo contrário, a turbulência política pode gerar oportunidades de compra”, diz.
O grupo chinês Fosun também pretende ampliar a presença no Brasil. Depois de comprar uma participação na gestora Rio Brav o, no ano passado, o Fosun está olhando negócios nas áreas imobiliária, de saúde (principalmente hospitais), gestão de recursos, seguros e entretenimento.
O grupo Fosun é controlador da maior seguradora portuguesa, a Fidelidade, e possui outras empresas do setor financeiro no portfólio. No Brasil, o grupo é proprietário do Club Med.
A Rio Bravo atua como representante do grupo Fosun no Brasil, trabalhando na assessoria dos negócios. “De uma empresa de capital nacional, passamos a ter acesso a um conjunto de fontes de capitais mais ampla”, diz Mario Fleck, presidente da Rio Bravo.
Uma das ideias, segundo Fleck, é criar um fundo de investimento híbrido, que contemple diferentes classes de ativos para oferecer aos investidores internacionais.
O Haitong também estuda o desenvolvimento de um fundo com investidores chineses para a investir em projetos de infraestrutura na América Latina.
Fonte: Valor Econômico, 12/07/2017