A Estrada de Ferro Madeira Mamoré (EFMM) completou 105 anos de existência nesta terça-feira (1°), em Rondônia. “Peço a Deus poder ver o dia em que poderei novamente ouvir o apito da Maria Fumaça nesses trilhos de Porto Velho”, disse José Bispo de Moraes, que ficou emocionado pela comemoração.
Morador da capital rondoniense e presidente da associação que cuida do complexo, José Bispo, de 80 anos, lembra que aos 17 anos conseguiu o primeiro emprego e o trabalho era na rodovia de metal.
“Desde pequeno andava por esses trilhos. Quando tive idade para iniciar o trabalho, foi o meu primeiro emprego e foi onde criei uma paixão inexplicável por esse local”, afirma.
Para José, que nutri um amor pela EFMM, a ferrovia também tem lembranças de histórias ‘amargas’.
“Perdi vários colegas de trabalho na época. Tive um amigo que um dia estava muito cansado e já de noite resolveu descansar e colocou a cabeça no trilho, mas as 22h passava um o trem e ele morreu esmagado”, relembra.
Na comemoração dos 105 anos, José explica que haverá oficialmente a liberação à população do passeio na litorina, que foi reformada por um engenheiro da associação.
“ A litorina foi restaurada e nada foi modificada. Buscamos manter a originalidade da época, justamente para que as pessoas que ande nela possa ter uma viagem no tempo e possa também se apaixonar como eu sou por toda essa história rica e cheia de vida EFMM”, conta.
História
A EFMM, que começou ser construída em 1907, também deu origem a cidade de Porto Velho, conforme conta a historiadora Yedda Borzacov.
“Em razão do tratado de Petrópolis entre Brasil e Bolívia, o percurso da construção da ferrovia era paralela ao Rio Madeira e Mamoré. Nesta questão entra a entrega do estado do Acre, que era da Bolívia ao Brasil e a construção de Porto Velho. A EFMM teve ao início da obra em 1907 e 1912” explica.
A historiadora lamenta o quadro atual da EFMM.
“Para historiadores de todo país e também conhecedores da magnitude que é a EFMM, existe um valor histórico enorme, mas nossas autoridades esquecem esse valor e tratam com descaso. Faz tempo que não vou na EFMM, mas tenho acompanhado pela televisão e o que mais vejo é a necessidades de amor pela história e o patrimônio público”, lamenta a historiadora.
Fonte: G1, 02/08/2017