Segurança, economia, transportes, conservação, saúde e entretenimento são áreas sensíveis da cidade que têm desafios pela frente. A partir dessa lista de temas, especialistas apontam soluções que vão desde a revisão de processos de gestão até a simples vontade política de executar ações.
Economia
Uma cidade vocacionada para o turismo e o setor de serviços não pode descuidar de seu ativo intangível mais valioso: a marca que projeta para o mundo. Na visão do economista da PUC-RJ Sérgio Besserman, ações que incrementem a sensação de segurança, bem como o ordenamento urbano e a limpeza das ruas, podem ajudar na recuperação do setor.
— O tipo de crescimento macroeconômico de 2018 pode ajudar o Rio. Começamos a ver uma demanda reprimida no setor de serviços. Mas é importante favorecer esse impulso. A noite carioca morreu em 2017. Se ela ressuscitar este ano, já será uma grande coisa — diz Besserman, que enumera sugestões: — Fazer um combate mais intenso ao narcotráfico, garantir a segurança do cidadão, manter limpas as ruas, que voltaram a ficar sujas, e impedir a camelotagem. Tudo isso ajuda a trazer de volta o astral carioca, e gera um bom impacto econômico na cidade.
No âmbito da administração pública, o economista sugere aos gestores melhorar a eficiência dos processos:
— Que os gestores enfrentem a crise e superem a falta de recursos se tornando mais eficientes e transparentes.
Saúde
Antes vista como tábua de salvação para os pacientes que ficavam sem atendimento em unidades estaduais, a rede municipal passou a padecer da mesma “doença’’. A falta de médicos, leitos e remédios provocou um colapso na saúde do Rio, com reflexos também na rede federal. Para o infectologista Edmilson Migowski, professor da UFRJ, a solução é uma gestão eficiente e um maior investimento em promoção de saúde.
— Uma ação que pode mitigar a falta de caixa é fazer compras de remédios e insumos em maior quantidade. Existem alguns municípios que fazem convênios e se juntam para conseguir um preço melhor. Pagar em dia também é importante. Hoje, muitos fornecedores não se interessam em vender porque não têm certeza se vão receber — explica.
Para o especialista, o melhor remédio para a crise na saúde é a educação.
Transporte
Paralisações constantes de linhas de ônibus, o BRT depredado e com evasão na ordem de 41 mil passageiros por dia, queda de braço em torno do valor da tarifa e vans ilegais que voltaram a circular são alguns sinais de que o sistema municipal de transportes trafega rumo ao colapso. Para o engenheiro de transportes Paulo Cezar Ribeiro, professor da Coppe/UFRJ, uma das soluções para a crise pode estar no processo de racionalização das linhas — projeto que foi iniciado na gestão do ex-prefeito Eduardo Paes e suspenso por Marcelo Crivella, que ainda não apresentou um novo plano.
— O sistema tem que se adaptar e se tornar mais eficiente para não gerar prejuízos econômicos às empresas e, no final das contas, prejudicar os usuários. Isso é vital. Não há margem para erros — diz o especialista, que aponta também para a integração dos sistemas: — O sistema de transportes numa cidade do porte do Rio não comporta mais serviços independentes entre si. Eles têm que ser integrados, física e tarifariamente. Ônibus-metrô-trem-VLT e outros têm que se complementar visando à otimização das viagens.
Fonte: O Globo, 02/01/2017
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