O VLT é quase uma unanimidade entre os usuários. Pesquisa do Instituto Datafolha, encomendada pela concessionária que administra o serviço, mostra que 92% aprovam o meio de transporte. Apesar do sucesso, ele ainda é usado por bem menos gente do que o programado originalmente. Até dezembro deste ano, a VLT Carioca estima que 120 mil pessoas estarão sendo transportadas por dia nas linhas 1 e 2, quando o plano era ter uma movimentação diária de 250 mil a 300 mil passageiros em três linhas, que já deveriam estar operando. Ou seja, no fim de 2018 o VLT terá alcançado metade da meta.
Atualmente, o bonde transporta cerca de 60 mil pessoas por dia, segundo o presidente da VLT Carioca, Rodrigo Tostes. Ele explica que a estimativa inicial levava em conta fatos que não se materializaram, como o desenvolvimento imobiliário no Porto do Rio. Mesmo aquém da meta, ele comemora o que considera um crescimento em “ritmo chinês”, que permitirá duplicar o número de passageiros até o fim de 2018. Ele destaca ainda que, quando a Linha 3, ligando a Central ao Aeroporto Santos Dumont, passar a operar, em dezembro, o movimento voltará a crescer. A partir daí, o desafio será integrar o VLT com outros modais. Atualmente, isso só se dá com ônibus municipais.
— Com a integração com metrô, trens e ônibus intermunicipais, temos certeza que o número de passageiros vai aumentar, mas não temos percentual. Transportamos 15 milhões de pessoas desde o início da operação, o que está dentro da curva que esperávamos, mas a integração com outros modais é importante para termos um crescimento sustentável.
A aprovação e o perfil do usuário são outras razões que levam Tostes a celebrar. A pesquisa da Datafolha mostra que o usuário típico do VLT é morador do Rio, está no Centro a trabalho, tem renda familiar média acima de R$ 5 mil e ensino superior. Para ele, isso é uma constatação de que o VLT não é “brinquedo de turista”, feito só para a Olimpíada.
— É diferente do que estava no imaginário popular, de que o VLT seria voltado para turismo. — conta ele. — Fazemos o abastecimento das pessoas que chegam por outros modais, seja trem, ônibus ou metrô, até os seus locais de trabalho.
A pesquisa mostra que o quesito mais importante para o usuário é a rapidez. Esse indicador foi um dos que mais melhorou em um ano: em 2016, 46% dos usuários aprovaram a velocidade na Linha 1. No ano passado, o índice foi de 81%, no somatório das linhas 1 e 2. Para Tostes, a melhoria ocorreu porque, com maior conhecimento da população, foi possível aumentar a velocidade das composições, antes reduzida para evitar acidentes. No início de 2017, o intervalo entre as composições era de dez minutos, agora está em sete minutos, segundo a VLT Carioca.
COMPRA DE BILHETE PELO CELULAR
Leonardo Luna, de 31 anos, é um usuário típico do VLT, de acordo com o perfil traçado pelo Datafolha. Ele trabalha no início da Avenida Rio Branco e, todos os dias, utiliza o bonde:
— O serviço é ótimo, nunca tive qualquer problema. Notei até que tem alguns atendentes bilíngues.
A informação ao usuário ainda é o calcanhar de Aquiles do VLT, com 9% de desaprovação. Alguns serviços oferecidos, como a recarga de cartões de embarque pela internet, sequer são conhecidos por alguns usuários.
— Não sabia que podia carregar pela internet — afirma a aposentada Cláudia Maria do Prado, de 55 anos, que aguardava ontem na fila de recarga da estação da Cinelândia.
Além desse serviço on-line, uma outra novidade deve dar as caras este ano: o VLT passará a ter um sistema de pagamento por meio do celular.
— O usuário vai comprar pelo celular, e um código de barras será enviado a ele. Então, ele passa esse código no validador da composição, e pronto — explica Tostes.
Fonte: O Globo, 18/01/2018
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