O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), inaugurou neste sábado, 31, a linha de trem que liga a zona leste da capital ao aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, Grande São Paulo, obra que havia sido prometida para a Copa do Mundo de 2014. O Estado testou o novo sistema de transporte, saindo do Terminal 3 do aeroporto e chegando até a Sé, marco zero de São Paulo. O percurso, que conta com ônibus, trem e metrô, durou 1 hora e 40 minutos.
A custo de R$ 2,3 bilhões, a nova Linha 13-Jade, da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), tem três estações distribuídas por 12,2 quilômetros. A primeira delas, a Engenheiro Goulart, na zona leste, foi inaugurada em agosto de 2017 e faz integração com a Linha 12-Safira, também da CPTM. Já as Estações Cecap-Guarulhos e Aeroporto-Guarulhos foram abertas neste sábado – o trajeto ainda opera de forma restrita.
A estação final fica atrás do estacionamento do Terminal 1 – percurso que pode ser feito a pé. Como parte do acordo, porém, a GRU Airport, concessionária responsável por administrar Cumbica, ofereceu seis ônibus circulares, com capacidade para até 50 pessoas, que transportam gratuitamente os passageiros para todos os terminais. Os coletivos passam de 15 em 15 minutos.
No evento, o secretário de Transportes Metropolitanos, Clodoaldo Pelissioni afirmou haver projeto funcional da CPTM para estender a linha até o bairro de Bonsucesso, em Guarulhos. “O mais caro está feito: a transposição sobre o Rio Tietê, sobre a Dutra e sobre a Ayrton Senna”, disse Alckmin. “A tendência é que caminhe para atender outras regiões de Guarulhos.”
O governo também anunciou que o “Expresso da Luz”, que ligará o centro de São Paulo a Cumbica, vai custar R$ 8. O serviço fará o percurso em 32 minutos, partindo da Estação da Luz, que está em reforma, segundo a gestão. A previsão é que o expresso comece a funcionar em julho, com quatro horários programados em cada sentido (ida e volta).
Bastão. O evento de inauguração da Linha 13-Jade aconteceu em clima de campanha e acabou se transformando em uma “entrega de bastão” de Alckmin para o vice-governador Márcio França (PSB). O tucano chegou à Engenheiro Goulart por volta das 8h45, e logo foi cercado por cabos eleitorais. Um deles segurava um megafone. “Brasil para frente, Alckmin presidente”, repetia. O governador levou cerca de 35 minutos até conseguir entrar no trem, onde iniciou o trajeto em pé, de tanta gente que o seguia.
A viagem até a Estação Cecap durou 10 minutos. Lá, a comitiva desceu para descerrar uma placa. Já o percurso até o fim da linha foi de 3 minutos. No caminho, o trem fez “buzinaço” – uma das vezes, próximo ao Hospital Geral de Guarulhos – e o alto falante servia como uma espécie de “guia turístico”. “Passamos pela Ponte Estaiada”, disse o operador aos passageiros. “À direita, está o Aeroporto.”
No vagão, um cabo eleitoral alternava dois bordões: “Próxima estação, Planalto” e “Direto para Brasília”. A equipe do governador precisou pedir silêncio para que Alckmin pudesse gravar um vídeo de divulgação durante o trajeto. Conseguiu na segunda tentativa.
Às 9h40, todos desembarcaram e foram ao púlpito montado na estação. “São Paulo avança, governador é Márcio França”, gritava boa parte do público. Entre os que discursaram, havia deputados, o prefeito de Guarulhos, Guti (PSB), um cônsul, além de Pelissioni, França e o próprio Alckmin.
O governador prometeu entregar até sexta-feira, 6, seu último dia no Palácio dos Bandeirantes, outras seis estações do Metrô: Oscar Freire (Linha 4-Amarela), Moema (Linha 5 (Linha 5-Lilás), e São Lucas, Camilo Haddad, Vila Tolstói e Vila União (Linha 15-Prata).
Questionado sobre o atraso da Linha 13, que teria sido prometida há 14 anos, o governador disse se tratar de “fake news”. “A obra foi licitada em 2013. Em 2017, entregamos a primeira estação e, em 2018, está entregue”, afirmou.
Só às 11h30 entrou no ônibus que o levaria do Terminal 1, de Cumbica, ao Terminal 3, onde gravou outro vídeo. Sem paradas, o trajeto durou 8 minutos. Depois, Alckmin pegou um helicóptero para o interior, onde tinha duas agendas para inaugurar uma obra rodoviária e um hospital.
Percurso. Neste mês, Linha 13 funciona apenas aos sábados e domingos, das 10 às 15 horas – sem cobrança de tarifa. O Estado usou o modal para ir do aeroporto ao centro de São Paulo. A reportagem saiu às 13h05, do saguão do Terminal 3 de Cumbica, e chegou às 14h47 à Estação Sé, do Metrô.
Partindo do Terminal 3, o ônibus circular demorou 13 minutos até a Estação Aeroporto, da CPTM, tendo feito ainda uma parada no Terminal 1. A maioria dos passageiros não tinha lugar para sentar. “Nunca transportei tanta gente”, comentou o motorista. “Está meio confuso porque ainda é período de teste.”
Trem aeroporto
Governo também anunciou que o “Expresso da Luz”, que ligará o centro de São Paulo a Cumbica, vai custar R$ 8 e tem previsão de ser entregue em julho Foto: TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO
Ao chegar à estação, é preciso subir uma escada rolante, atravessar uma passarela que dá nas catracas. “Eu acho mais prático do que ir de ônibus”, disse a estudante Sara Martin Xavier, de 18 anos, que estava com uma mala de rodinhas. Ela chegou de um voo de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, e tinha de se deslocar até o Butantã, na zona oeste.
“Só achei que faltou melhorar a interligação entre o trem e o aeroporto”, comentou a servidora pública Nanci Ferreira, de 32 anos, que chegou de Brasília. Na plataforma, a reportagem esperou por 28 minutos o trem chegar. Já o trajeto até a zona leste durou 13 e terminou na Estação Engenheiro Goulart, que é interligada com a Linha 12-Safira.
Para seguir viagem deste ponto, é preciso comprar o bilhete (R$ 4) e fazer a baldeação. Foram mais 17 minutos até a Estação Brás, onde é possível pegar um Metrô para Sé e encerrar o percurso.
Fonte: Folha de São Paulo, 31/03/2018