Monotrilho Faraônico

A propósito da matéria veiculada no Diário de Petrópolis em 17/06, ​com o candidato ​ a governador do Estado do Rio, Wilson Witzel, que defende a implantação de um monotrilho entre Rio e Petrópolis, esta merece alguns reparos e esclarecimentos, pois comete graves erros.

Primeiro, o custo do km da linha do trem não é de R$100 milhões/km​, é bem menos (10%)​. ​Cem milhões por quilômetro seria o cus​to​ ​de​ um metrô​ de superfície, com poucas intervenções e poucas desapropriações​.

Segundo, de acordo com os dados informados pelo candidato, para se construir uma linha de monotrilho de Petrópolis ao Rio os gastos seriam de R$ 3,3 bilhões (55 km X R$ 60 milhões/km);

​Por que gastar R$ 3,3 bilhões (mesmo na modalidade PPP) se podemos gastar bem menos, algo próximo a 10% desse valor, ou seja: R$ 330 milhões para realizar a mesma tarefa de transportar passageiros? Mágica? Claro que não, apenas engenharia técnica e econômica: precisamos de pouco mais de R$ 300 milhões  para recolocar 7 km de Trilhos entre a antiga Fábrica Dona Isabel e a Raiz da Serra, em Vila Inhomirim/Magé. De lá, até o centro do Rio, existem 49 Km de trilhos, prontinhos, operados  pela Supervia. ​Temos esse projeto – denominado Expresso Imperial –  que foi completamente esquecido pelas “otoridades” Petropolitanas e pelos governos Estadual e Federal, apesar de existir um abaixo assinado nosso na Internet com quase seis mil assinaturas e depoimentos, disponível em  http://www.manifestolivre.com.br/ml/assinaturas.aspx?manifesto=expresso_imperial

​Terceiro, o monotrilho tem alguns inconvenientes: não tem a mesma alta capacidade de transporte dos trens convencionais, é indicado para pequenas distâncias e, em caso de parada ou pane, os passageiros ficam presos, suspensos a 15 metros do solo (vide monotrilho de São Paulo) dificultando sobremaneira a evacuação destes.​

Concluindo,  isso nos leva a pensar que uma obra de R$ 300 milhões – Expresso Imperial – é pouca coisa para as ambições míopes de certos políticos. Via de regra, querem sempre obra nova, zero bala, bilionária. Tudo bem, se não fosse um pequeno detalhe: quem vai pagar a conta de obras faraônicas somos sempre nós. Eleitor, abra o olho!

Antonio Pastori – Mestre em economia e pós graduado em Engenharia Ferroviária

Abaixo, a matéria citada:

Wilson Witzel defende monotrilho entre Petrópolis e Rio

Pré-candidato a governador pelo PSC esteve na cidade nesta semana e foi entrevistado pelo Diário:

Há dois anos, o então juiz federal Wilson Witzel, assistindo ao cenário de terra arrasada no Rio de Janeiro, decidiu tomar uma decisão arriscada: abandonar os 17 anos de magistratura e disputar a eleição para governador. Nesta semana, Witzel, que é pré-candidato pelo Partido Social Cristão (PSC), esteve em Petrópolis e concedeu uma entrevista ao Diário. Um de seus projetos tem o objetivo de resolver um dos principais gargalos da cidade: a ligação com o Rio de Janeiro.

Wilson Witzel propõe a construção de um monotrilho entre Petrópolis e a capital do Estado. O ex-juiz federal afirma que o investimento na mobilidade urbana tem que ser mais diversificado, sem a concentração no modal rodoviário. Neste contexto, a opção pelo monotrilho se dá em função do custo mais baixo que a implantação de rede ferroviária ou metroviária. A obra seria feita em parceria no modelo de parceria público-privada (PPP), com um contrato de longa duração.

Segundo a proposta do candidato do PSC, o monotrilho iria passar por Petrópolis, Duque de Caxias e desembocaria na rodoviária do Rio, onde haveria um entroncamento de vários modais.

– O custo do monotrilho é de R$ 60 milhões por quilômetro; para construir uma ferrovia, o valor aumenta para R$ 100 milhões. Além disso, a instalação é mais simples: você coloca as pilastras e os vagões vão por cima, ou seja, não há problema com terreno, em qualquer lugar você pode colocar para correr. Em dois anos, nós podemos construir 20 quilômetros. Em um contrato por PPP, a gente traz esse modal para a região, com um transporte mais moderno – afirma.

Além de minorar o problema do trânsito e do transporte, o monotrilho (que já existe em São Paulo) poderia trazer outro benefício para a cidade: desenvolvimento econômico.

– O novo meio de transporte certamente dará um boom econômico, inclusive para o turismo da cidade. O turista viajar por uma hora, com tranqüilidade, sem trânsito – acredita Witzel, que cita como outras prioridades para Petrópolis a questão da segurança pública e a geração de empregos.

Reorganização da segurança é prioridade

A prioridade máxima do pré-candidato do PSC, no entanto, é reorganizar e fazer funcionar o sistema de segurança pública do Estado. Para Wilson Witzel, muito dinheiro foi gasto nos últimos anos no setor, mas de forma errada. Ele acredita que o policiamento ostensivo é importante, mas é preciso olhar também para o que é considerada a “principal atividade do sistema penal”: a investigação.

– A polícia funciona com inquérito policial, com processo penal. É preciso ter estrutura para ter rapidez, celeridade para que os delegados tenham condições de investigar no mesmo modelo concentrado da Lava-Jato. Hoje, por exemplo, temos apenas um delegado para investigar a lavagem de dinheiro em todo o Estado. É preciso ter pelo menos 40, com um número de profissionais dependendo da quantidade de inquéritos. Se há investigação sobre roubo de cargas, é preciso ter grupos de delegados e agentes para força-tarefa. Hoje, a Polícia Civil não tem pessoal suficiente – afirmou, lembrando que o crime organizado enfraqueceu o trabalho das instituições.

Para a PM, a idéia é fazer com que o policiamento ostensivo funcione de maneira mais organizada. A proposta de Wilson Witzel para a área é integrar as duas polícias, seguindo o modelo europeu.

– Já que não há como unificar, por conta da Constituição, as duas polícias terão a maior proximidade possível. A secretaria de Segurança será extinta e a Polícia Civil e a Polícia Militar vão se transformar em duas pastas, trabalhando integradas sob minha coordenação. Quatro anos é o tempo que eu preciso para criar um modelo de organização que ficará para os próximos governos – propõe.

Outsider com experiência administrativa

Apesar de ter o perfil de “outsider” – alguém que está fora do cenário político – o pré-candidato do PSC se considera “mais experiente que aí estão”.

– Conheço direito administrativo, tributário, penal e constitucional, além de todas as normas que tratam da boa gestão pública. Sei como funciona a gestão. Além disso, precisamos de um bom planejamento, e eu estou fazendo isso, coordenando pessoalmente o nosso plano de governo. Eu não vou chegar e passar quatro anos para descobrir qual o problema do Rio. Vamos assumir o governo para administrar, colocar a mão na massa desde o primeiro dia, com decretos de reorganização administrativa, reorganização do sistema penitenciário, projetos que precisam ser enviados para a Alerj – garante.

Wilson Witzel diz, ainda, que sua chegada ao governo representaria o fim de um ciclo de incompetência e corrupção.

– Talvez o último governador com algum tipo de competência tenha sido o de Carlos Lacerda. E, além da incompetência, com Sérgio Cabral a corrupção tomou conta do Executivo, do Legislativo e do Tribunal de Contas, além de haver muitas dúvidas sobre o Poder Judiciário – considerou.

Questionado sobre as dificuldades da campanha eleitoral, uma vez que Witzel está filiado a um partido sem uma grande estrutura, com pouco tempo no horário eleitoral, ele diz que a legenda está bem estruturada, com diretórios organizados na maioria dos municípios do Estado.

– O nosso partido não é tão minúsculo como se afirma. O PSC hoje é um partido de porte médio, e temos uma militância forte no Estado. Estamos percorrendo todas as cidades e temos diretórios na maior parte do Estado. Passei o mês de maio me reunindo com os pré-candidatos – diz.

Além de Witzel, o PSC irá disputar o Senado com a candidatura do pastor Everaldo Pereira; e a presidência da República, com o ex-presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro. Na cidade, o partido tem o empresário Alan Vargas como pré-candidato a deputado estadual.

Fonte: ​ Diário de Petrópolis online – Edição: segunda-feira, 18/06/2018

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