Nos quase cem anos em que funcionou como hospedaria, o atual Museu da Imigração acolheu cerca de 2,5 milhões de pessoas, de mais de 75 nacionalidades. A maioria desembarcava ali mesmo, na estação do museu, parada estratégica entre o Porto de Santos, por onde chegavam os imigrantes, e as fazendas cafeeiras do oeste paulista, destino da maioria deles.
Hoje, é possível resgatar um pouco dessa história a bordo de uma locomotiva modelo Baldwin, construída em 1922 – apelidada carinhosamente de Maria-fumaça (trens a vapor). Saindo da estação histórica, ela puxa dois carros que fazem o passeio: um de primeira classe dos anos 1950 (R$ 20) e outro de 1928 (R$ 25). Durante o trajeto, que dura aproximadamente 30 minutos e é guiado por monitores, o visitante percorre um pátio ferroviário repleto de composições antigas, como locomotivas a vapor, elétricas, carros e vagões de madeira e carros de aço carbono – alguns em processo de restauração.
Ao mesmo tempo, é apresentada a história da São Paulo Railway, a primeira estrada de ferro do Estado, e também da imigração por aqui. “Diferentemente de outras hospedarias de imigrantes pelo mundo (Rio de Janeiro, Buenos Aires e Nova York), a de São Paulo não foi estabelecida junto a um porto. Em vez disso, foi construída estrategicamente entre a estrada de ferro Central do Brasil, que ligava o Rio de Janeiro a São Paulo, e a São Paulo Railway, que conectava Santos a Jundiaí. Isso facilitava o deslocamento dos trabalhadores e também da produção”, conta o pesquisador do museu Henrique Trindade.
Essas e outras curiosidades integram o passeio, que, é bom lembrar, parte da estação ferroviária do Museu da Imigração apenas no primeiro fim de semana do mês (sábado e domingo, das 11h às 16h). As viagens ocorrem, geralmente, de hora em hora. Nos outros fins de semana, os trens saem da plataforma da Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (abpfsp.com.br), que fica em frente ao museu. R. Visconde de Parnaíba, 1.316, Mooca, 2692-1866. 9h/17h (dom., 10h/17h; fecha 2ª). R$ 10 (acesso ao museu). Passeio de trem: sáb. e dom., 11h/16h. R$ 20/R$ 25.
Quem chega à Casa das Caldeiras dá de cara com Filomena. A locomotiva estava guardada no espaço que, por décadas, pertenceu ao complexo industrial da célebre família Matarazzo – Filomena era também o nome da esposa do patriarca, o empresário italiano Francisco Matarazzo. Os frequentadores podem se divertir tirando fotos e interagindo com o trem.
Construída nos anos 1920, a edificação funcionava como geradora de energia para as indústrias de Matarazzo. Em 1986, o imóvel foi tombado pelo Condephaat, Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado. Restaurado, o espaço tornou-se local para eventos, com abertura de editais para residências artísticas. Projetos como Calefação Tropicaos, Pilantragi e o grupo Ilu Obá de Min já passaram por lá. “Nossa intenção é dar vida à casa, sempre privilegiando a arte e a cultura”, afirma Karina Saccomanno, diretora do lugar.
O Expresso Turístico da CPTM foi criado em 2009, com o intuito de resgatar o glamour das viagens férreas. Uma locomotiva dos anos 1950, com equipe de bordo vestida elegantemente, conduz os carros de passageiros fabricados na década seguinte, que saem da Estação da Luz. No segundo sábado do mês, o trem de 174 poltronas vai até a cidade de Mogi das Cruzes; nos outros, até Jundiaí. Aos domingos, é a vez de Paranapiacaba. O embarque para todos os destinos ocorre na plataforma 4, às 8h30, e o retorno está programado para 16h30. A passagem, que custa R$ 50, é vendida pelo site www.cptm.sp.gov.br/ExpressoTuristico
Em Mogi das Cruzes, há diversas opções de trilhas para quem gosta de ciclismo. O passageiro pode levar a própria bicicleta no trem por R$ 7. Entre as atrações para aproveitar no centro da cidade, há igrejas históricas e o Mercado Municipal.
O trem para Jundiaí percorre a primeira estrada de ferro implantada em 1867 pela antiga São Paulo Railway. Lá, o Museu da Companhia Paulista preserva fotos históricas, maquetes de locomotivas a vapor e até uma sala de comunicação. A entrada é gratuita.
Paranapiacaba é o destino mais procurado do Expresso Turístico – pelo site, há disponibilidade de passagens só a partir do terceiro domingo de setembro. Uma passarela sobre a linha do trem liga a área mais antiga à região alta da cidade, bom lugar para fotos.
Fonte: Estadão, 26/07/2018
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