A Assembleia Legislativa do Estado do Rio-ALERJ, em boa e oportuna hora, instituiu a Frente Parlamentar “Rio nos trilhos” e criou o Estatuto com 14 artigos e, por este, norteará toda a liturgia técnico-administrativo-financeira, a fim de que se dê a volta dos trens de passageiros e de turismo, numa coexistência perfeitamente possível com os trens de cargas, indispensáveis à economia da Terra Fluminense. Trata-se de um sonho sonhado há anos, depois da desativação de vários trechos de linhas, hoje abandonados “no tempo e no espaço” (meu jargão).
A Frente Parlamentar caminha para uma realidade e tem por objetivo defender a reativação da Malha Ferroviária ociosa, bem como a reativação dos trechos de linhas desativados sem uma razão plausível, suscetíveis de circulação dos “trens que têm alma” (passageiros) na colocação do saudoso professor Victor José Ferreira, o ferroviário de todos os tempos.
No dia 23 de outubro/19, realizou-se, na ALERJ, a instalação da Frente Parlamentar, presidida pelo deputado “ferroviarista” Welberth Rezende, presidente da instituição recém criada para os trechos a serem revitalizados.
A recuperação da Malha Ferroviária do Estado propiciará que se consolide a operacionalização da Mobilidade Urbana Estadual, que só será possível em nível nacional, com a integração do modo ferroviário, diria, o principal no sistema viário brasileiro.
O sentimento de esperança e de crença do presidente e dos diversos interessados contagiou os presentes representantes de Associações, Movimento e Entidades (ferroviários aposentados e ferroviaristas), que esperam, para breve, que o sonho torne-se numa doce realidade, pois botam fé que a coisa agora vai.
Evidente que este empreendedorismo não é uma tarefa fácil, dados os obstáculos que se nos avizinharão, mas os atos que dão origem aos fatos serão transponíveis, dado o domínio do presidente, que tem, na mão, sobre a volta dos trens de passageiros e de turismo, como fonte de renda para o Estado do Rio e, via de consequência, para alguns municípios beneficiados, futuramente. Há anos, frise-se, vimos batendo nesta tecla, “mas somos apenas um pássaro que se dispõe a apagar um incêndio na mata, carregando uma gota d’água no bico,” trata-se de centenas de artigos escritos por mim.
A primeira Audiência Pública tivemos no dia 06 de novembro/19, às 10h, no Auditório Senador Nelson Carneiro (superlotado) presidida pelo deputado Welberth e registraram-se as presenças, pelo Executivo, compondo a mesa de trabalho, do Secretário de Estado de Transportes do Rio, engº Delmo Pinho, Antonio Pastori (AENFER) e representantes da FCA e MRS. O evento teve a duração de 4 horas e meia.
Para tal mister, existe, num primeiro momento, um recurso considerável em potencial, ou seja, está em princípio assegurado. Trata-se de uma verba decorrente da multa aplicada pela Agência Nacional de Transportes Terrestre-ANTT à Ferrovia Centro Atlântico-FCA (concessionária), que devolveu 730km, dos quais 153 são no Estado do Rio, em decorrência da desativação de trechos de linhas no geral. O RJ tem um crédito de (+/-) R$ 260 milhões de reais, verba robusta para o empreendimento futuro.
Um dos trechos de linha a ser reativado é entre Miguel Pereira /Conrado, com uma despesa prevista de R$ 20 milhões de reais, segundo o prefeito André Português , do município, com possibilidade futura de extensão até a estação de Japeri, fazendo conexão com o Trem Barrinha, também cogitado de circulação (sonho ?).
Registre-se que, em passado recente, vários foram os ensaios parecidos com essa Frente, mas sem substância política, ingrediente, que, a essa Nova Frente, está satisfatório, para demarragem operacional para breve, espera-se!
Pode-se afirmar que a Frente não está sozinha nesse desafio meritório, efetivamente. Inúmeras Associações, Movimentos, Entidades de todos os naipes ferroviários emprestam o seu apoio incondicional, mais os ferroviários aposentados e ferroviaristas, que têm relevantes serviços prestados à causa do modo ferroviário.
Nesses trechos desativados, registraram-se roubos de razoável quantidade de material de via permanente, invasões, óbvio, abusivas com construção de prédios (casas, bares, etc., no leito de linha), que envolverão outros ministérios e órgãos afins, no que couber, para a remoção, considerando-se os aspectos legal, jurídico e social, num primeiro momento. Vale acrescentar a existência de invasões dos leitos de linha. Um cancro!
Dificuldades existirão no pedaço, pois nem tudo serão flores, daí, ter-se que trabalhar muito com velocidade, rigor e com muito apoio logístico por parte das autoridades executivas envolvidas, a fim de que se saia da “defesa para o ataque,” usando-se linguagem futebolística, ou seja, atacar o problema de forma vertical, para se chegar ao gol, a efetivação de circulação dos trens em curto prazo, isto é, nesta legislatura da ALERJ.
Na segunda quinzena deste mês, uma grande Comissão viajará do RJ a BH, para uma reunião com os representantes da Frente de lá, a fim de que se encontre o “modus operandi” para operacionalização de estratégias, com o propósito de alocação específica dos recursos advindo da multa, para consecução dos projetos no que couber.
Todos, indistintamente, todas as lideranças presentes manifestaram pensamento positivo e acreditam que tudo dará certo e que, a partir de agora, a coisa vai! É só botar fé. Varrer pra dentro da Volta do Rio aos trilhos, sem demora.
Mas, nada obstaculará a “Frente Parlamentar que está entrando nos trilhos de frente,” para que, no Estado do Rio, surjam eficiências nas ações inaugurais, intermediárias e finais da Frente. Que passos largos sejam dados; para tanto, confiamos em todos os integrantes dos Poderes Legislativo e Executivo e MPF’s/Estaduais e numa gama de outros abnegados integrantes, que, apostolarmente, por anos e anos se entregaram às diversas tentativas, que acreditam, creem, nessa Frente e no magnífico empreendimento do Rio nos trilhos.
Registre-se que a gama de colocações de assuntos vários, o número considerável de inscritos e o elenco de abordagens múltiplas dado o grande interesse dos participantes que prestigiaram a Audiência, foram tantas não dá para abordar, neste pequeno espaço, tudo o que ocorreu. À vista disso, o deputado Welberth e o Secretário Delmo acordaram que estará sendo marcada uma nova Audiência Pública, que estou classificando-a de Executiva.
Neste final, volto a repetir o que tenho escrito em vários outros artigos: O Brasil precisa de ferrovias como sangue de oxigênio, e a tarefa que pesa por sobre os ombros das autoridades é construir ferrovias para o Brasil.
Genésio Pereira dos Santos: Conselheiro da Aenfer/Advogado/Jornalista/Escritor.
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