Indústria ferroviária opera com ociosidade próxima de 90%

A indústria ferroviária brasileira enfrentou, em 2019, um cenário negativo em função de baixos pedidos para as indústrias. Com uma produção abaixo das expectativas iniciais, o setor trabalhou com ociosidade próximo a 90%. A expectativa é que a demanda em 2020 e 2021 seja melhor, o que será proporcionado por projetos que estão em fase de aprovação. Minas Gerais, importante polo produtivo, também deve ter resultados mais favoráveis.

De acordo com o presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer), Vicente Abate, em 2019, foram fabricadas 34 locomotivas, volume que ficou abaixo da projeção inicial que era de 40 unidades, que já é bem pequeno frente à capacidade instalada.

Em 2019, a ociosidade nas indústrias de locomotivas ficou em 86,4%. Duas empresas fabricantes, associadas à Abifer, estão instaladas em Minas Gerais, a Wabtec GE, em Contagem, e a Progress Rail, em Sete Lagoas.

“A produção de locomotivas em 2019 apresentou um volume muito baixo, já que a capacidade instalada é de 250 locomotivas por ano. Como não houve contratos em 2019 e esperamos ter em 2020, estimamos produzir 40 unidades este ano”, disse Abate.

Em vagões, a capacidade instalada é de 12 mil unidades ao ano. Em 2019, estavam previstos a fabricação de 1.500 unidades e, no fechamento do ano, a fabricação ficou em menos de 1.000 unidades. Com a aprovação de contratos em 2019, para 2020, o reflexo já será sentido e a expectativa é alcançar entre 1.500 e 2.000 vagões.

“Depois de 2015, quando foram registrados bons volumes de todos os veículos, e com a recessão que se desenhava no País, as renovações não aconteceram. Por isso, estamos, hoje, com ociosidade dramática de 90% no setor, estamos praticamente parados. Se pagarmos a média dos últimos 10 anos, a ociosidade não fica muito diferente, girando em torno de 70% a 75%”.

Projeções – Para 2020 as expectativas são mais favoráveis, porém, para as indústrias de Minas Gerais, que são fabricantes de locomotivas, a estimativa é que a demanda seja percebida em 2021.

“Há uma perspectiva, em 2020, que pelo menos de vagões de carga melhore. Em locomotivas, embora a renovação tenha acontecido, a locomotiva demanda maior tempo, cerca de 1 ano, então não se consegue fazer no próprio ano um pedido que possa ser entregue no mesmo exercício. Por isso, como não entraram pedidos em 2019, em 2020 ainda teremos um volume baixo, que ficará em 40 unidades, mas para 2021 haverá um expansão”.

A expansão nas encomendas de locomotivas deve acontecer em função da aprovação pelo Tribunal de Contas da União (TCU) para a renovação antecipada da malha de São Paulo, operada pela empresa Rumo, porém o reflexo será somente em reflexo para 2021.

De acordo com Abate, as próximas renovações já terão reflexos em Minas Gerais. Ele explica que três ferrovias cortam o Estado (a Ferrovia Vitória Minas, pertencente a Vale, a MRS e a Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) da VLI Logística) e estão em processo de aprovação e apresentação de projetos no TCU.

Das três, a Vale já apresentou projeto no TCU, que está em período de completo de informações a serem feitas pela ANTT. A expectativa é que o processo seja concluído ainda no primeiro semestre de 2019. A MRS está com projeto para ingressar no TCU e o resultado é esperado para o segundo semestre de 2019. A FCA deve ingressar com projeto no TCU no segundo semestre deste ano e o resultado é esperado para o início de 2021.

“Nós estamos trabalhando com a expectativa positivas. Com as renovações acontecendo e o País crescendo economicamente, há tendência de o mercado melhorar”, disse Abate.

Fonte: https://diariodocomercio.com.br/exclusivo/industria-fer…

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