Novidades da indústria marcam o segundo dia da 26ª Semana de Tecnologia Metroferroviária

Inovações tecnológicas (e sustentáveis) da indústria e experiências do setor metroferroviário nas áreas de manutenção e  de operação foram alguns do temas abordados ontem (quarta, dia 02/09), durante o segundo dia da 26ª Semana de Tecnologia Metroferroviária. O evento acontece pela primeira vez de forma totalmente online e marca os 30 anos da Aeamesp (organizadora do encontro).

No painel ”Desafios para operação, manutenção e expansão”, os diretores da CPTM, Luiz Eduardo Argenton, do Metrô de SP, Paulo Sérgio Amalfi Meca, e do MetrôRio, Cristiano César de Mendonça, falaram um pouco das ações que estão sendo adotadas para melhorar a gestão e a qualidade dos serviços. A coordenação foi da presidenta da Aeamesp, Silvia Cristina Silva.

Argenton falou dos impactos sofridos pela CPTM com as restrições impostas pela pandemia. Segundo ele, desde março deste ano, a companhia deixou de transportar 168 milhões de passageiros, afetando de forma abrupta as finanças.

O diretor da CPTM comentou que uma das ações que vem sendo preparadas é a concessão de algumas estações na Linha 9-Esmeralda e na região do Alto Tietê, para exploração de lojas e espaços comerciais. ”A gente espera com isso ter uma redução dos custos de manutenção”.

Os serviços de manutenção do sistema, inclusive, também foram impactados pela crise. ”Foram mantidas todas as atividades de manutenção corretiva, enquanto a preventiva foi realizada com ajustes pontuais”. A CPTM, de acordo com Argenton, adota um sistema híbrido de manutenção, em que os trabalhos mais leves são realizados pelas equipes da CPTM, enquanto as tarefas mais pesadas ficam a cargo de equipes terceirizadas.

Mendonça, do MetrôRio, frisou que o sistema também foi duramente atingido pela epidemia e que no início da quarentena o fluxo de passageiros caiu 80% e que atualmente está em 60% dos níveis pré-pandemia.

Ele explicou que foram intensificadas ações que já vinham sendo realizadas antes da pandemia, como o aprimoramento da gestão de ativos e manutenção e a otimização de recursos. ”Adotamos um modelo de manutenção funcional, que vai trazer mais produtividade e eficiência, com aumento da vida útil de nossos ativos”.

Ele também ressaltou as ações de digitalização do sistema de bilhetagem. ”Há alguns anos temos investido para que o passageiro possa escolher como ele quer comprar sua passagem. A nossa iniciativa teve bons resultados durante a pandemia”.

Meca, do Metrô de SP, também abordou o impacto no número de passageiros transportados com a pandemia. Antes da quarentena, o sistema transportava 5,3 milhões de pessoas por dia. ”Hoje estamos conduzindo metade”.

Ele comentou que a queda vertiginosa deve resultar em restrições orçamentárias para os próximos anos. ”Temos pela frente uma recessão e queda de arrecadação. Sozinho, vai ser complicado de o governo fornecer o orçamento necessário.

Por isso, a companhia está focada em obter novas formas de arrecadação. A principal delas é atrair recursos da iniciativa privada, com a concessão de espaços para exploração. ”A Linha 20, que está em projeto, já busca criar condições adequadas para atrair investimentos privados”.

Inovações da indústria

O painel ”Inovações Tecnológicas da Indústria Ferroviária Brasileira” foi apresentado por Vicente Abate, presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer). Ele falou sobre novos modelos de operação, buscando redução de custos, maior eficiência e soluções sustentáveis.

Um exemplo está na chegada de locomotivas elétricas, movidas por meio de baterias de íons de lítio. ”A indústria brasileira tem plenas condições de fabricá-las, em termos de tecnologias, mão de obra e instalações fabris”.

Abate destacou as vantagens nesse que é apontado como o trem do futuro. Uma delas é o menor custo de operação, já que dispensa redes elétricas. O desafio, no entanto, está no custo dessas novas máquinas, ainda alto comparado ao das alternativas tradicionais.

Abate também falou sobre os trens movidos a hidrogênio, que estão sendo testados e até operados no exterior. ”Eles poderão ser trazidos ao Brasil. O desafio é obter o abastecimento, com usinas de hidrogênio”. O presidente da Abifer frisou que novos sistemas ferroviários em estudo, como o Trem Intercidades, que ligará São Paulo a Campinas e Americana, podem se beneficiar dessa inovação.

Enquanto o trem do futuro não chega, as soluções atuais visam oferecer mais sustentabilidade à operação ferroviária. ”Nós conseguimos ter locomotiva movimentada por gás natural liquefeito, mistura de 80%, com óleo diesel”.

Fonte: Revista Ferroviária, 03/09/2020

Deixe um comentário

Rolar para cima