Mesmo com a retomada gradual das atividades pelo país, operadores de sistemas de metrô, trens urbanos e Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) ainda enfrentam baixa demanda de passageiros e vivem recuperação lenta.
Diante desse cenário, as perspectivas são pessimistas. A ANPTrilhos, associação que reúne operadores públicos e privados, prevê um déficit de R$ 7,4 bilhões nas receitas tarifárias do setor neste ano. Em volume de passageiros, a entidade espera iniciar 2021 com uma redução de cerca de 30%.
Segundo a ANPTrilhos, a situação para o transporte metroferroviário começou a melhorar ao longo do terceiro trimestre, após uma queda abrupta da demanda durante a pandemia, que chegou a atingir 84% no pior momento. Entre julho e setembro, o volume de passageiros aumentou 27% em relação ao trimestre imediatamente anterior. No comparativo anual, porém, observou-se queda de 54%.
Apesar da melhora, a recuperação tem se mostrado lenta, a uma taxa média mensal de 9%. O volume de passageiros tem demorado mais para voltar ao normal porque cerca de 70% das viagens são a trabalho. Além do alto índice de desemprego, muitas empresas permanecem fechadas e funcionando remotamente, afirma Joubert Flores, presidente da ANPTrilhos.
No acumulado do ano até setembro, os operadores metroferroviários deixaram de transportar aproximadamente 1,1 bilhão de pessoas. Frente à igual período de 2019, a perda é de 47%.
O cenário é especialmente preocupante pelo impacto nas receitas tarifárias. Entre março e setembro, os operadores calculam um déficit de R$ 6,1 bilhões na arrecadação em bilheteria. Até o fim de 2020, a expectativa é de que a cifra cresça para R$ 7,4 bilhões, o que representa 45% do faturamento anual com bilheteria.
Diante da dificuldade de as concessionárias – públicas, em alguns casos – absorverem totalmente as perdas e aportarem recursos suficientes para manter a prestação dos serviços, a ANPTrilhos vem pleiteando, desde março, um apoio emergencial.
A entidade trabalhou junto ao governo na construção do projeto de lei 3.364/2020, que viabilizaria um socorro da União às empresas de transporte coletivo (metrô, trem urbano e ônibus). O texto traz ainda algumas contrapartidas para que as empresas possam acessar os recursos. O PL já foi aprovado pela Câmara, mas paralisou no Senado. O risco é que o remédio chegue quando o paciente já morreu, diz Flores.
O executivo afirma que a medida não representaria um socorro às empresas, tampouco uma forma de reequilibrar contratos: são recursos para manter os serviços. Ele aponta que as empresas têm tido custos adicionais (com ações para reduzir a propagação da covid-19, por exemplo) e que já foram tomadas todas as medidas possíveis para fortalecer o caixa, até com corte de mão de obra. Isso permitiu que mantivéssemos as operações, mas não perdurará para sempre.
Fonte: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2020/10/19/met…
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