Marcopolo Rail lança VLT para disputar mercado no Brasil e América Latina

A Marcopolo Rail, braço do grupo gaúcho Marcopolo dedicado ao transporte ferroviário de passageiros, anunciou nesta quarta-feira (16) o lançamento do Prosper VLT, primeiro veículo leve sobre trilhos com foco no mercado brasileiro e na América Latina. O modelo terá versões para atuar no transporte urbano, intermunicipal e turístico.

O grupo Marcopolo, com sede em Caxias do Sul (RS) e atuação internacional, é referência na fabricação de carrocerias de ônibus. Desde 2017, atua no transporte sobre trilhos com desenvolvimento de tecnologia para aeromóvel, tipo de meio de transporte para vias elevadas. No ano passado, lançou a Marcopolo Next, divisão de novos negócios, e a Marcopolo Rail, empresa voltada para a mobilidade no chamado segmento metroferroviário, o transporte de passageiros via trilhos.

De acordo com Petras Amaral, que comanda a Marcopolo Next, o projeto do VLT havia sido desenvolvido antes da pandemia e o investimento em diversificação de novos modais mira os próximos cinco anos. Segundo o executivo, o VLT da Marcopolo vai disputar mercados no Brasil e na América Latina, onde projetos de transporte público via trilhos avançam nas maiores cidades.

“Dos 63 principais centros urbanos do país, só 13 são atendidos por tecnologia metroferroviária. Tem muita oportunidade. Sabemos que vão existir investimentos do governo em infraestrutura, mas o nosso olhar não é só no Brasil, como produto nacional, que é importante, mas também na América Latina”, afirma Amaral.

Essa perspectiva ajudou a preservar a aposta no VLT mesmo após um trimestre de contratempos na produção e de incerteza econômica por causa da pandemia.

No terceiro trimestre, a empresa teve retração de 7,9% em vendas no mercado brasileiro e queda de 22,6% na receita líquida na comparação com o mesmo período de 2019. No fim de outubro, a companhia fechou uma planta industrial no estado do Rio de Janeiro. Os custos com desligamentos de funcionários, especialmente, em plantas industriais de Caxias do Sul, foram de R$ 37,2 milhões.

Na pandemia, a companhia suspendeu contratos de trabalho de aproximadamente 50% de seus colaboradores, com custo de R$ 14,8 milhões, por meio do Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda.

Os mais recentes contratempos foram a falta de insumos e a redução no uso de transportes coletivos, por causa do isolamento social e do medo de contágio. Mas, ainda assim, a empresa preferiu olhar para o longo prazo. “A pandemia vai passar, a vacina vai chegar e ela vai ter o seu fim”, diz.

O executivo conta que empresa já tratou sobre o novo modelo com alguns governos estaduais. Em Bento Gonçalves (RS), uma empresa de turismo, que promove passeios de Maria Fumaça, fechou a compra de um modelo turístico. O grupo vê potencial em parcerias para projetos de maior porte em mercados maiores, como São Paulo e Brasília.

“Projetamos que a produção ganha força no segundo semestre de 2021, quando a retomada virá mais forte”, diz o executivo. “A partir de 2022, a gente começa a ampliar o leque.”

Segundo Amaral, nos primeiros dois anos, a Marcopolo Rail terá potencial de produção de 60 a 100 VLTs por ano, podendo ampliar a capacidade de acordo com o andamento do negócio. O primeiro complexo industrial do segmento também fica em Caxias do Sul, local de fundação da companhia, mas o executivo não descarta a expansão para novas plantas.

“A capacidade hoje é maior do que estamos projetando inicialmente, e vai depender de como vai reagir a prospecção que vamos fazer”, afirma.

A versão turismo do novo VLT comporta, segundo o executivo, até quatro carros, com capacidade para 280 passageiros sentados. O modelo urbano, também com quatro carros, pode levar 760 pessoas. O terceiro modelo, para transporte entre as cidades, é maior e pode ser personalizado para atender a demandas dos clientes.

Há curiosidades no projeto desse modelo. Usando a experiência no segmento de ônibus, a Marcopolo Rail projetou bancos mais parecidos com aqueles usados para viagens de longa distância sobre rodas, além de prever adaptações para o banheiro.

Fonte: Revista Ferroviária, 17/06/2020

 

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