Estação Barão de Mauá

Relembramos aqui a saga interminável da Estação Barão de Mauá. A Aenfer, além de acompanhar, com tristeza, o descaso e abandono desse patrimônio histórico do Rio de Janeiro, cobra, com insistência, a revitalização daquela que um dia foi ponto de partida ou chegada para lugares como São Paulo e Belo Horizonte.  Inaugurada em 1926, é uma das estações de trem mais antigas do país.

EDITORIAL do Jornal Aenfer nº 154 – maio/junho de 2013

 Estação Barão de Mauá – Vergonha Nacional

Os estudiosos que formularam o projeto de desestatização da RFFSA esqueceram, ou desconheciam, o tamanho e a importância do patrimônio não operacional que não seria entregue às concessionárias. Carros de passageiros foram destruídos ao longo das linhas férreas por esse Brasil afora. No estado de São Paulo, os carros de aço inoxidável da antiga FEPASA foram desmanchados, à luz do dia, sem que nenhuma atitude fosse tomada no ato do acontecimento.

Depois de destruídos, atitudes foram tomadas; mas para que: “a Inês já estava morta”. Hoje eles poderiam estar circulando em trens de turismo ou mesmo em trens de passageiros de médio percurso, se não fosse a omissão de nossos governantes. O mesmo aconteceu com nossas estações ferroviárias. Aquelas que foram aproveitadas pelas prefeituras, como centros de cultura, centros de cidadania, ou mesmo sede de algum órgão municipal, sobreviveram. Entretanto, não muito longe de nossa cidade, tomamos como exemplo duas estações, uma da Central – Cachoeira Paulista – e a outra da Leopoldina – Porto Novo do Cunha, ambas imponentes pela sua arquitetura, hoje estão destruídas.

Quanto às grandes estações, aquelas situadas em estados e cidades que zelam pela preservação da memória histórica local foram recuperadas, apesar de ainda operarem trens. É o caso da estação Central de Recife, que abriga o Museu do Trem local; da estação Central de Belo Horizonte, o Museu de Artes e Ofícios; e das estações na cidade de São Paulo: Júlio Prestes – que abriga a Sala São Paulo de Música e a da Luz, o Museu da Língua Portuguesa.

E as estações da nossa cidade? A estação D. Pedro II, marco da “art deco” de nosso país, hoje é um verdadeiro camelódromo, explorado pela concessionária que administra os trens suburbanos do Grande Rio. Tem até um supermercado. Isso tudo com a complacência dos órgãos culturais do município e do governo federal, que são responsáveis pelo seu tombamento nas duas esferas governamentais.

Mas o pior de toda essa vergonha que assola nosso patrimônio histórico ferroviário é a Estação Barão de Mauá. Abandonada há vários anos, hoje pertence somente ao Estado, que a entregou à concessionária para utilizar seu pátio para fabricar pré-moldados para a linha 4 do metrô. Apesar de ser sido escolhida pelas autoridades como a estação terminal do Trem de Alta Velocidade em nossa cidade, no nosso entendimento é obsoleta para esse fim. A estação Barão de Mauá está localizada numa zona eminentemente cultural. No bairro de São Cristóvão é onde se encontra o maior aglomerado de museus de nossa cidade. Está próxima à zona portuária, que está passando por reurbanização total, onde já foi inaugurado o Museu de Arte do Rio – MAR e será em breve inaugurado o Museu do Amanhã.

Entretanto, apesar de ter sido motivo de uma Portaria Ministerial, no ano de 2010, onde estudos foram feitos para transformá-la no Museu Ferroviário Nacional, que seria um dos maiores do mundo e, no mesmo ano, no Senado Federal, ter sido elaborado Projeto de Lei nº 173, para que tivesse a mesma finalidade, até a presente data nada foi feito, a não ser a “doação” do Estado para a concessionária que administra os trens suburbanos do Grande Rio. Por isso que reputamos: Barão de Mauá é a Vergonha Nacional.

OBS:

 – O Projeto de Lei 173/2010 foi arquivado ao final daquela legislatura.

 

– Matéria do site G1 em 20/02/2020

MPF pede à Justiça que a União assuma a Estação Leopoldina por risco de desabamento

Órgão afirma que laudos constataram situação de ‘perigo iminente de desabamento e incêndio da estação ferroviária’.

O Ministério Público Federal (MPF) no Rio de Janeiro pediu à Justiça que a União assuma, “com urgência”, a Estação Leopoldina (Barão de Mauá), na Região Central da cidade. Segundo o órgão, há “iminente perigo de incêndio e desabamento da estação ferroviária”.

Por isso, o MPF solicitou ao Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) que a União coordene a colocação de escoras nas estruturas do edifício, além de inspecionar instalações de energia, água e gás e da remoção e da preservação dos arquivos.

“O Ministério Público Federal confessa-se, inicialmente, perplexo, pois verificou que parece não ter sensibilizado às partes e ao próprio douto colegiado a situação de perigo iminente de desabamento e incêndio apurada nos autos, a vitimar o prédio da antiga Estação Ferroviária Barão de Mauá, nesta cidade”, destaca o MPF no documento.

Problemas relacionados pelo MPF:

  • Partes do prédio e seu anexo estão cedendo;
  • Elementos estruturais foram retirados;
  • Não se conhece a situação das ligações de energia, gás e água;
  • Existe material ferroviário de grande valor nos arquivos e nos pátios, um rio não dragado e uma fábrica de estruturas paralisada, com inúmeros focos de endemias não controladas;
  • O perigo de desabamento consta expresso no laudo pericial da DPF de fls. 239/259, datado de 19 de julho de 2017, há dois anos e meio já, permitindo concluir que tudo se agravou.

 

– Coluna do Ancelmo Gois, 24/04/2021

Governo do Rio quer unir empresas para revitalizar o prédio da Estação Leopoldina

Eu sei que a novela de revitalização da Estação Leopoldina, aquele imponente palácio inglês erguido em 1926, é antiga assim como sua deterioração. Mas o governo de Cláudio Castro, pela Secretaria de Transportes, tenta juntar um grupo de empresas para arrecadar R$ 19 milhões, pela lei de incentivo à cultura, para dar um banho de loja no lugar. Nesta primeira etapa, inclui a demolição de um puxadinho feito na cobertura e as reparações do telhado e da fachada. Vamos torcer, vamos cobrar. 

 

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http://localhost:8888/ferrovias/crea-rj-aenfer-e-aeefl-em-busca-de-solucoes-para-estacao-barao-de-maua/

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