A Prefeitura de Poços de Caldas (MG) conseguiu um termo de cessão para uso gratuito do trecho da linha férrea entre a antiga Estação Ferroviária da cidade e a Estação Ferroviária Bauxita. Com isso, a administração pode dar andamento ao projeto de reativação do trem turístico que liga Poços de Caldas a Águas da Prata (SP).
Depois de muitos estudos, reuniões e discussões para a reativação da linha, a prefeitura conseguiu a cessão na semana passada. Pelo documento, o Governo Federal, por meio do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), cede oficialmente a linha férrea para Poços de Caldas em um contrato de 20 anos, que pode ser prorrogado.
A ideia é que o trem volte a circular e atenda o turismo na cidade e também em Águas da Prata. A linha funcionou como transporte de passageiros até 1976 e na década de 1990, virou um trem turístico, que funcionou apenas naquela década.
Quem viveu o período lembra com saudade, como o ferroviário aposentado José Aparecido de Oliveira. Até hoje ele vive na Rua Beira da Linha, que é onde o trem passava. “Ah, dá muita saudade, né? Era um meio de transporte bem menos perigoso, mais econômico, que transportava para valer”, lembrou.
Início do trem
De acordo com o secretário de turismo, Romulo Vilela, a prefeitura conseguiu uma verba de R$ 12 milhões através da Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemig) para aquisição de material e construção da ferrovia. O processo de licitação para execução do projeto deve acontecer até março de 2016.
Ainda segundo o secretário, a empresa que ganhar a licitação para operação do trem terá como contrapartida disponibilizar a locomotiva e os vagões. A previsão é de que tudo fique pronto e o trem comece a funcionar até dezembro de 2016.
Quanto à tarifa que os turistas devem pagar no trem turístico, a secretaria de turismo está usando como referência a cobrança de R$ 4 por quilômetro, ou seja, R$ 36 para os 9 quilômetros do trajeto.
O trajeto vai percorrer 9 km da estrada de ferro. Quem dizer o passeio poderá se deparar com cenários como os pilares da Mogiana, feitos de ferro, que pertenciam à linha original, inagurada por Dom Pedro II em 1886.
A prefeitura também estuda algumas possibilidades de atrativos para os turistas no caminho. “O principal é a natureza, passar sobre ribeirões, ao lado da Represa Bortolan, em cima de grandes viadutos para transpor vales. Estamos pensando em operar também com artesanato no ponto final, um restaurante de comida típica no meio do trajeto, tudo isso ainda está sendo elaborado”, adianta Vilela.
O projeto
O processo para reativação do trem vem de longa data e já contou, inclusive, com uma manifestação popular em 2013, pedindo que ele voltasse a circular. Desde então, foi feito um estudo de viabilidade técnica, realizado pela prefeitura e apresentado pela Associação Brasileira de Preservação Ferroviária, a fim de dar base ao trabalho.
Em 2014, o Dnit autorizou a reconstrução de 9 km da linha. Em setembro do ano passado, o governador do estado, Fernando Pimentel (PT), anunciou que iria disponibilizar recursos para a volta do trem turístico.
Fonte: Globo.com, 08/12/2015