O médico-candidato à presidência da República, Juscelino Kubistcheck de Oliveira, botou na cabeça que, se eleito, ia fazer o Brasil crescer 50 anos em 5; que cumpriria o preceito da Constituição de 1891; que transferiria a capital sediada na cidade do Rio de Janeiro, para o Planalto Central e que enfrentaria outros desafios de impacto nacional, para o bem da sociedade brasileira, “no tempo e no espaço” hoje.
Assumiu o governo em 1957. Entre outras medidas, através Lei nº 3.115/57, criou a Rede Ferroviária Federal S/A-RFFSA, com a fusão das 22 Estradas de Ferro autônomas, nas Unidades da Federação e fomentaria a instalação da indústria automobilística que trouxe, sem dúvida, o progresso e o desenvolvimento ao País, com grande investimento nesse ícone.
A natividade da RFFSA começou a partir daí, mas a preferência pelo transporte sobre pneus passou a crescer e a ferrovia passou a segundo plano, pois, a logística passou a ser incrementada, em detrimento do modo ferroviário, que fazia o frete porta a porta, sob a responsabilidade da Estrada de Ferro gestora dessa modalidade, à época, o rodoferroviário.
O presidente Juscelino e sucessores, ao longo desses 61 anos, não se ativeram, quanto ao que resultaria, a partir da década de 1990, quando começou o desmonte da maior empresa estatal de transporte ferroviário da América do Sul, que teve a sua certidão de óbito emitida em 2007.
As concessões datam da década de 1990, no governo Collor e aceleram-se nos seguintes. Verificou-se que não havia condições de estancar essa “sangria de desgovernos”, mas, por falta de vontade política, aliada a outras mazelas no plus de incapacidade de gestão administrativa adveio o descaso pelas ferrovias.. O patrimônio incomensurável: via permanente, locomotivas, carros, vagões, instalações elétricas, pessoal e um punhado de bens bibliográficos riquíssimos, espalhados por esses Brasis afora, não estão sendo preservados, inclusive pelo IPHAN, a quem cabe esse zelo.
Resta-nos um fio de esperança de que o próximo governo, quem assumirá em 2019 venha com o espírito criador e desafiador de Juscelino e se proponha a fazer o Brasil crescer em construção de ferrovias, 50 anos em “4/8 anos,” a fim de que conquistemos a tão sonhada mobilidade urbana. Insisto em bater na mesma tecla: ela só virá se se investir, corajosamente, num sistema viário realmente integrado, se o Brasil voltar a ter intensiva operação do modo ferroviário, de ponta a ponta, ou seja, de norte a sul; de leste a oeste. Muita ferrovia!
Dentre outros desafios de crescimento, a população brasileira espera por um novo Juscelino, sonhador contemporâneo. Que nas próximas décadas, livremo-nos dos corruptos e ladrões que assolam os quadros políticos. Elejamos candidatos de bem e competentes. O grande problema que nos aflige, num primeiro momento, é que os pré-candidatos não oferecem um mínimo de confiança ao cidadão-contribuinte-eleitor, que está completamente desnorteado, sem saber em quem votar, em quem poderá mudar o “status quo” do País. A mesmice das candidaturas é desanimadora, infelizmente.
Fonte: Genésio Pereira dos santos, advogado, jornalista e conselheiro da Aenfer, 13/07/2018