Após crise, Alstom mira novos leilões no Brasil

Após anos envolvida em escândalos e sem novos projetos no Brasil, a Alstom se prepara para retomar a produção de sua fábrica em Taubaté (SP) e – mesmo condenada por formação de cartel em licitações de metrôs – estuda participar dos novos projetos de mobilidade no país.

No radar do grupo estão ao menos três licitações, segundo o presidente da empresa no Brasil, Michel Boccaccio. São eles: as linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), na capital paulista; o Trem Intercidades (TIC), entre São Paulo e Campinas; e o VLT de Brasília.

A Alstom ainda não definiu como será sua estratégia – se a fabricante irá tentar entrar com participação acionária em algum consórcio ou se oferecerá seus equipamentos e serviços aos operadores que concorrerem.

A possibilidade de participar diretamente de licitações é mais complexa. Em 2019, a Alstom foi condenada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) por formação de cartel em licitações de trens e metrôs. Como punição, a empresa ficou impedida de participar de concorrências públicas por cinco anos, além de ter que pagar uma multa de R$ 128,6 milhões. O bloqueio foi confirmado pelo órgão em agosto deste ano.

A companhia, então, entrou na Justiça contra a decisão e obteve uma liminar – que, hoje, permite que o grupo participe de leilões.

No entanto, mesmo sem concorrer diretamente nas licitações, a Alstom poderá firmar acordos de fornecimento aos operadores e participar dos projetos.

No caso das linhas 8 e 9 da CPTM – a licitação de mobilidade mais avançada no país – a empresa já está em conversas com grupos interessados em concorrer, segundo o executivo.

O momento hoje é de otimismo moderado, avalia Boccaccio, que também comanda a operação na América Latina. Ninguém sabe bem o que vai acontecer em 2021, se haverá novas ondas da pandemia. Há muita incerteza. Mas, hoje, a companhia tem uma visibilidade para o mercado brasileiro, algo que não havia há anos no país, afirmou.

O último grande projeto da Alstom no Brasil foi o VLT do Rio de Janeiro, em 2015. Desde então, a companhia desativou sua fábrica na Lapa, na capital paulista – também por questões de logística e transformações urbanas no entorno da unidade – e passou a concentrar toda a operação em Taubaté, no interior de São Paulo.

Nos últimos anos, a unidade se ocupou da construção de trens para os metrôs de Buenos Aires e Santiago do Chile, além de projetos menores de sinalização. Com isso, [a fábrica] conseguiu sobreviver, porque não havia contratos no Brasil. Hoje, há uma luz no fim do túnel, diz o presidente.

O alívio vem de três projetos que ocuparão a fábrica da Taubaté ao menos até 2025. A fábrica irá produzir os trens de duas linhas internacionais: no metrô de Taipei (em Taiwan) e, o outro, em Bucareste (na Romênia).

Além disso, a companhia venceu a concorrência para fornecer os trens da Linha 6-Laranja de São Paulo, que será operada pelo consórcio da espanhola Acciona.

Ao todo, serão montados 70 trens (350 carros) na fábrica, com possibilidade de aumento no contrato de Bucareste. Para receber as encomendas, a companhia terá que fazer adaptações na unidade, inicialmente construída para VLTs – o valor ainda está em estudo, mas ficará em torno de 10 milhões de euros.

No caso dos projetos internacionais, a conquista foi fruto da desvalorização do real, que tornou a produção brasileira mais competitiva, explica o executivo. Quando os projetos foram fechados, não havia disponibilidade em outras fábricas locais e, com o câmbio desvalorizado, o Brasil passou a ser competitivo mesmo com o frete. Isso é importante porque voltamos a ter uma perspectiva para os próximos quatro anos na produção.

A fabricação dos trens de Bucareste deverá ter início no segundo semestre de 2021. Na sequência, virão os equipamentos de Taiwan. Os trens destinados à Linha 6-Laranja começarão a ser produzidos em 2022, para que a entrega seja feita em 2024.

A partir de 2021, a Alstom também irá iniciar a integração com a divisão de transportes da canadense Bombardier, uma operação global firmada neste ano. No Brasil, a aquisição já foi aprovada pelo Cade.

A Bombardier é pouco presente na América Latina. Seu principal ativo é uma fábrica no México, que será incorporada.

Para Boccaccio, as operações são complementares, e a unidade fabril mexicana não deverá tirar projetos do Brasil. Primeiro, pela localização – a nova fábrica tende a ficar com encomendas ao norte do continente.

Além disso, as fábricas trabalham com materiais diferentes – em Taubaté, a produção é com aço inoxidável e, no México, com alumínio.

Fonte: valor.globo.com/empresas/noticia, 01/12/2020

8 comentários em “Após crise, Alstom mira novos leilões no Brasil”

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