Paralisadas há quase seis anos, as obras da estação de metrô da Gávea podem causar um afundamento de parte do terreno onde a estrutura foi construída, bem abaixo do estacionamento da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC) e da rua Marquês de São Vicente, na Zona Sul da cidade.
Segundo especialistas ouvidos pelo RJ1, existe o risco de perdas de vidas, caso parte da obra que foi inundada não resista ao desgaste provocado pelo tempo.
Essas informações já estavam presentes em um estudo realizado em setembro de 2019. De acordo com o relatório da época, o possível afundamento do local pode provocar uma tragédia por conta dos prédios que estão no entorno da região.
Obra inacabada
As obras para a construção da estação de metrô da Gávea, que integraria a linha 4 do transporte subterrâneo do Rio, foram paralisadas em 2015. Na época, dois grandes buracos foram escavados, cada um com cerca de 50 metros de profundidade.
Para garantir a segurança, as paredes dos buracos ganharam uma camada de proteção, chamada pelos técnicos de concreto primário. Além disso, tirantes foram fixados para fortalecer a estrutura.
Em janeiro de 2018, segundo a concessionária, como não havia previsão para a retomada da obra, os engenheiros decidiram encher os buracos com água para dar mais segurança. A água ajudaria a pressionar as paredes, evitando desmoronamentos.
Deformações pelo tempo
A equipe do RJ1 conseguiu, com exclusividade, imagens do interior desses buracos, onde é possível ver deformações provocadas pelo tempo.
Técnicos acreditam que seja necessário aumentar a espessura do concreto para garantir mais segurança e evitar um desabamento.
“Como nós estamos com uma obra de engenharia que não foi finalizada, há um risco. O risco é sério, porque o risco é daquele furo desabar, do teto dessa cavidade desabar. E o desabamento do topo da cavidade ou das paredes das cavidades, se eles desabarem isso aí vai se refletir na superfície do terreno. Nesse terreno lá em cima nós temos terrenos da universidade, a própria rua Marques de São Vicente está aqui do lado e pode ser afetada também, então, o risco é grande e as consequências obviamente, o potencial de dano é muito alto”, disse o professor da PUC.
A estação da Gávea custou ao estado R$ 934 milhões. A conclusão do trecho e da estação custaria mais R$ 700 milhões aos cofres públicos.
O que diz a concessionária
Em nota, a concessionária que realizou a obra na estação de metrô da Gávea informou que a estrutura e todo o seu entorno está sendo monitorada por centenas de equipamentos.
Na opinião do professor da PUC o monitoramento feito pela concessionária não é preciso.
“A instrumentação que existe lá são instrumentações para o recalque de superfície em determinados pontos. Eles não têm condições de acusar, em tempo, para acusar a ocorrência de danos maiores em termos de vida. Dano material vai existir, mas perda de vida, esse fenômeno é muito rápido. A subsidência é um fenômeno repentino no terreno. Nós não temos instrumentação instalada lá, exatamente em cima do teto e das paredes dos tuneis, que permitam identificar início de deformações, que possam ser indicativas da ocorrência do colapso”, explicou o professor.
Projeto de reforço na estrutura
O governo do estado informou que iniciará, este mês, a licitação para contratar uma empresa que irá desenvolver o projeto básico para o reforço estrutural das áreas da estação Gávea inundadas. O prazo previsto é de seis meses.
Só depois, uma licitação será lançada para o plano executivo das obras.
Fonte: g1.globo.com/rj, 16/04/2021