VLT ou VLP para substituir o BRT?

VLT ou VLP? Entenda as diferenças entre os dois sistemas cotados pra substituir o BRT no Rio

 

A Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro aprovou de forma definitiva, na quinta-feira passada (23), o Projeto de Lei Complementar nº 56/2025, que permite a conversão dos corredores de BRT Transcarioca e Transoeste em pistas pra Veículos Leves sobre Trilhos (VLT), Veículos Leves sobre Pneus (VLP) ou tecnologia similar. A proposta agora segue para apreciação do prefeito Eduardo Paes, que deverá sancioná-la, já que foi o próprio Poder Executivo que a enviou.

O governo avalia os modelos disponíveis de veículos leves para escolher o que será adotado no Rio. As duas possibilidades mais cogitadas têm operação semelhante, mas trazem também diferenças importantes na implementação e na eficiência. Como pontuado no documento assinado pelo prefeito e enviado à Câmara, um VLT é capaz de carregar até quatro vezes mais passageiros do que um ônibus de BRT, e o VLP tem capacidade similar. Outro ponto importante destacado pela secretária de Transportes, Maína Celidonio, e pelo secretário de Desenvolvimento Econômico, Osmar Lima, que cuida dessas concessões, é a vida útil dos carros.

— Temos um BRT que funciona maravilhosamente bem. Não podemos estragar o que está funcionando. Mas o (ônibus do) BRT tem uma vida útil de dez anos. Não podemos ficar parados, esperando o que fazer. Já concluímos o estudo do VLT. Agora estamos fazendo o estudo do VLP e então vamos comparar os dois — explica Lima. — O VLT tem um custo muito alto e adaptações importantes, como colocar trilhos e adaptar as estações. Então analisamos outras opções que podem ser de custo-benefício melhor. Neste momento, estudamos que tipo de ajuste a gente precisa fazer, qual o nível de investimento, quais os benefícios, e como ele se compara com o sistema atual.

O sistema VLT

O VLT foi implementado no Rio para os Jogos Olímpicos de 2016 e funciona na região central da cidade. A empresa Alstom, que fabrica os trens, tem diferentes modelos, incluindo um com zero emissão de carbono durante o deslocamento. Ele é movido a eletricidade e carregado pelo próprio trilho, na versão carioca, mas também há versões em que a composição recebe energia por um cabo que fica acima do veículo. Além das vias expressas Transoeste e Transcarioca, no projeto de expansão do modelo, a prefeitura também prevê levá-lo até os bairros de São Cristóvão, Botafogo e Ilha do Governador.

 VLT ( Veículo Leve sobre Trilhos) no Centro da cidade — Foto: Custodio Coimbra

VLT ( Veículo Leve sobre Trilhos) no Centro da cidade — Foto: Custodio Coimbra

No Centro, o VLT opera com o próprio passageiro validando a sua passagem. Fiscais conferem se o bilhete foi descontado durante as viagens, modelo que também existe em outros lugares do mundo.

— No início, havia dúvidas sobre a implantação do VLT no Centro. Hoje, ele opera bem, inclusive com a validação dos cartões de maneira autônoma, sem ninguém para operar, é mais tranquilo de se fazer. Existia uma preocupação de as pessoas não pagarem a passagem, mas pagam hoje, há pouca evasão. Acredito que isso pode trazer pessoas para o transporte público. Porque terão um sistema confiável e agradável— avalia Glaydston Ribeiro, professor do Programa de Engenharia de Transportes da Coppe/UFRJ.

A empresa opera com estes modelos em diferentes cidades da Europa, como Frankfurt (Alemanha), Blackpool (Reino Unido), Viena (Áustria), Angers (França) e Atenas (Grécia), e também em cidades da Ásia, como Dubai (Emirados Árabes Unidos) e Lusail (Catar).

A possibilidade VLP

Normalmente, o Veículo Leve Sobre Pneus (VLP) parece mais uma composição de trem do que de um ônibus. Portanto, a depender do modelo adotado, ele terá uma capacidade próxima à do trem de VLT e também poderá exigir adaptações nas estações. Como o VLT, o VLP é articulado, mas idealmente operado em corredores onde não é preciso fazer curvas ou trocar de faixa.

Modelo de VLP de empresa chinesa CRRC — Foto: Reprodução/CGTN

Modelo de VLP de empresa chinesa CRRC — Foto: Reprodução/CGTN

Uma equipe da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, responsável pela Companhia Carioca de Parcerias e Investimentos (CCPar), que cuida das concessões na cidade, esteve em fábricas de veículos deste tipo na China. Por lá, ele é usado há quase 20 anos em cidades como Tianjin e Xangai. O VLP também é usado na França, mas algumas cidades trocaram esta tecnologia pelo VLT, como é o caso de Caen.

No Brasil, o sistema de VLP também já existe em algumas cidades. São José dos Campos, no interior de São Paulo, implementou o sistema e já tem toda a sua frota movida a energia elétrica. Mas os veículos da cidade são mais parecidos com ônibus articulados, contando com dois vagões, normalmente. Há versões de VLP em que se pode acrescentar ou retirar os vagões da composição.

O VLP de São José dos Campos, em São Paulo — Foto: Divulgação/Prefeitura de São José dos Campos

O VLP de São José dos Campos, em São Paulo — Foto: Divulgação/Prefeitura de São José dos Campos

Curitiba também começou a testar tecnologia similar de empresas chinesas, no mês passado. Na cidade paranaense, o Bonde Urbano Digital (BUD) cumpre um trajeto limitado pela Região Metropolitana.

Fonte: https://oglobo.globo.com/rio/bairros/barra/noticia/2025/10/28/vlt-ou-vlp-entenda-as-diferencas-entre-os-dois-sistemas-cotados-pra-substituir-o-brt-no-rio.ghtml, 28/10/2025

Foto: Reprodução/CGTN

 

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