O secretário estadual de Transportes Júlio Lopes admite: não dá para resolver todos os problemas a curto prazo de um sistema de alta complexidade como é o transporte ferroviário. Em uma semana, oito trens foram destruídos depois de inúmeros problemas na via férrea. No entanto, o secretário anunciou nesta quinta-feira (12) algumas medidas que devem reduzir a quantidade de problemas para os cerca de 600 mil usuários de trens do Rio. Até o final de setembro, Lopes disse que vai exigir da SuperVia um plano de contingência para a devolução imediata das passagens nos casos de paralisação de trens. Este plano deve ser implementado definitivamente até o final de outubro.
“A primeira providência enérgica que estamos tomando é de que a SuperVia apresente até o final deste mês uma solução para indenizar o passageiro que sofre algum tipo de problema durante o seu deslocamento. Para que ele mesmo possa, munido deste recurso, encontrar um outro modo de transporte para o seu deslocamento. E que seja apresentado ao passageiro um documento com um pedido de desculpas para que ele possa apresentar na sua empresa em razão de seu atraso”, disse Lopes.
Essa indenização, segundo o secretário, poderia ser em forma de dinheiro ou Bilhete Único, para que o passageiro tenha outra opção de transporte para chegar ao seu destino. Atualmente o ressarcimento em caso de problemas nas viagens não concluídas é feito com um novo bilhete da própria SuperVia.
Outro grave problema, a falta de comunicação para os usuários que ficam presos dentro dos trens ou nas plataformas quando ocorre alguma paralisação do transporte, vai ser solucionado, segundo Lopes, com a nova sinalização e sistema de alimentação de energia da rede.
“Infelizmente os problemas nos trens, em geral, resultam de uma queda de energia e por isso, há uma interrupção também no sistema de comunicação e de iluminação dos vagões. Isso vai ser melhorado. Até o final de setembro, a nova sinalização vai estar implantada e possibilitará uma redução de intervalo entre as viagens e o novo sistema de alimentação da rede vai reduzir as quedas de energia”, explicou o secretário, acrescentando que além das deficiências comuns do sistema há um grande número de problemas “não naturais”, como danos à fiação da rede aérea e colocação de pedras na via permanente.
Embora os problemas sejam muitos e constantes, Lopes destaca que o sistema ferroviário já melhorou muito. Ele diz que quando assumiu a secretaria em 2007, somente com dez trens com ar-condicionado circulavam no Rio. Atualmente, são 95. A frota saltou de 150 para 168 trens e até o fim de 2014 serão 210 novos trens. De 40 a 50 trens serão substituídos, enquanto outros serão reformados para atender linhas com menor demanda de passageiros.
Sistema de comando e controle integrado O grande salto de qualidade para a melhoria do transporte ferroviário será a criação de um sistema de comando e controle integrado entre todos os tipos de transporte. Segundo Lopes, será o mais moderno da América do Sul e vai permitir não só o monitoramento de trens, barcas, ônibus, metrô e BRT, mas também um planejamento muito mais rápido para a busca de soluções para os usuários em caso de problemas em algum tipo de transporte.
“O estado está em contato com a prefeitura e o Banco Mundial. Vamos fazer uma grande licitação na casa dos US$ 30 milhões para contratar as melhores empresas do mundo. Esse grande sistema de monitoramento que vai interligar os centros de comando e controle de todos os transportes, que integre todos os modos de transporte. Ele vai permitir que o usuário tenha no seu smartphone, na internet, todo o controle e monitoramento dos transportes, assim como informações nas plataformas de trens, metrô e barcas e pontos de ônibus.
O secretário justifica alguns tipos de problemas como sendo frutos de melhoria da qualidade dos transportes. Um exemplo é o BRT Transoeste, que mesmo com pouco tempo de funcionamento já circula superlotado nos horários de pico.
“Quando a qualidade do serviço aumenta, o número de passageiros também aumenta. O governo do estado acabou com 2,2 milhões de viagens clandestinas em vans e Kombis. Hoje, temos uma média de 300 mil viagens clandestinas. Isso é um grande legado para o Rio. Todo esse público foi para os transportes formais, que não teve a mesma velocidade para aumentar a capacidade. Mas estamos trabalhando para isso”, disse Lopes.
Nas barcas, o número de passageiros saltou de 70 mil/dia para 110 mil, nos trens passou de 250 mil para 600 mil/dia e no metrô, de 350 mil para 700 mil passageiros por dia. Os avanços na melhoria da qualidade dos transportes vão continuar, segundo Lopes.
“Esperamos que o usuário da SuperVia já tenha um novo serviço já a partir do ano que vem. Não será um estalar de dedos nem uma mágica, é um processo de melhora contínua. Sistemas complexos como o ferroviário precisam ser construídos com um todo, com o governo, estado, sociedade. Mas é importante frisar que quando ocorre vandalismo, o prejuízo direto é o usuário”, concluiu o secretário de Transportes.
Fonte: G1, 12/09/2013