Ataques a trens expõem urgência de fortalecer a segurança

Ferrofrente – Os ataques sucessivos a trens de carga na Baixada Santista revelam mais do que episódios pontuais de criminalidade. Trata-se de um colapso anunciado na segurança ferroviária, que ameaça trabalhadores, prejudica a logística nacional, impacta diretamente as exportações brasileiras e escancara a ausência de um sistema robusto e especializado de policiamento sobre a malha férrea.

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Em apenas dois meses, sete ataques foram registrados no trecho entre São Vicente e Cubatão, envolvendo incêndios, saques e furtos de componentes de alto valor. O resultado é destruição de vagões, risco à vida de trabalhadores, navios parados no Porto de Santos e prejuízos incalculáveis para a economia. A imagem dos 14 vagões carregados de celulose em chamas, atravessando Cubatão, simboliza a falência de um modelo de segurança fragmentado, que só reage após o desastre.

Assista o vídeo na íntegra https://g1.globo.com/jornal-nacional/video/policia-investiga-serie-de-ataques-a-trens-na-baixada-santista-14135172.ghtml

A falha estrutural: ausência de uma polícia especializada

O policiamento ostensivo, embora necessário, não substitui a atuação de uma força especializada, permanente e presente na malha ferroviária. Os ataques mostram claramente que o crime organizado conhece as vulnerabilidades da ferrovia — suas paradas obrigatórias, trechos isolados e ausência de vigilância contínua.

É nesse ponto que se evidencia a importância de termos Policiais Ferroviários Federais plenamente estruturados e atuantes. Prevista na Constituição, essa força possui conhecimento técnico, formação específica e atribuição legal para proteger a infraestrutura ferroviária nacional, que é estratégica e vital para o país.

Se essa corporação estivesse devidamente implementada, com efetivo treinado e presença ao longo dos trechos críticos, o cenário seria outro: prevenção real, inteligência ativa, monitoramento permanente e resposta imediata às ocorrências — e não apenas operações emergenciais após os prejuízos.

O papel fundamental da FENAPFF

Federação Nacional dos Policiais Ferroviários Federais (FENAPFF) tem sido uma das poucas instituições que, de forma persistente, denuncia essa lacuna histórica. A entidade alerta há anos que a desativação prática da Polícia Ferroviária Federal deixou um vácuo que agora cobra seu preço, colocando em risco trabalhadores, cargas estratégicas e a soberania logística do país.

A FENAPFF atua:

  • defendendo a reestruturação da Polícia Ferroviária Federal;
  • propondo projetos de modernização, tecnologia e vigilância especializada;
  • cobrando do governo federal o cumprimento da Constituição;
  • oferecendo diagnósticos técnicos sobre segurança na malha férrea;
  • articulando com sindicatos, especialistas e setor logístico para soluções permanentes.

O trabalho da Federação deixa claro que não se trata de uma demanda corporativa, mas de uma necessidade de Estado.

Apoio da Ferrofrente

Ferrofrente (Frente Nacional pela Retomada das Ferrovias) apoia as reivindicações dos Policiais Ferroviários Federais e reconhece a urgência de sua plena estruturação. Para a entidade, fortalecer a segurança ferroviária é proteger os trabalhadores, garantir o fluxo das exportações e assegurar a eficiência logística nacional.

Não podemos naturalizar o caos

Os ataques na Baixada Santista não podem ser tratados como exceção. São sintomas de um sistema vulnerável, negligenciado e sem direção. Enquanto isso, trabalhadores vivem sob medo, empresas acumulam prejuízos e a sociedade paga pela ineficiência.

É urgente abandonar soluções improvisadas e estabelecer uma política nacional de segurança ferroviária. E isso passa obrigatoriamente pela implantação plena da Polícia Ferroviária Federal, com efetivo, tecnologia, orçamento e presença territorial.

Sem isso, continuaremos vendo trens incendiados, cargas saqueadas e uma infraestrutura vital do país entregue à própria sorte.

Fonte: Ferrofrente, 03/12/2025

 

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