Após cinco dias de greve, Metrô de SP demite 60 pessoas

Após ameaças do governador Geraldo Alckmin (PSDB), 60 metroviários foram demitidos na manhã desta segunda-feira, segundo confirmou o Metrô de São Paulo. Há previsão de mais demissões ao longo do dia e de afastamento de grevistas ligados ao sindicato, que não podem ser demitidos por estabilidade assegurada por lei, segundo a companhia. A três dias do início da Copa do Mundo, a greve em São Paulo entrou no quinto dia e começou com manifestação, às 5h, na estação Ana Rosa, Vila Mariana, Zona Sul, nesta segunda-feira. Manifestantes interditaram a Rua Vergueiro, ao lado da estação, e colocaram fogo em entulhos e pedaços de madeira. A Tropa de Choque da Polícia Militar reagiu e usou bombas de efeito moral para dispersar os manifestantes.

O presidente do sindicato, Altino Prazeres, disse que vai tentar reverter as demissões e disse que o governador “joga gasolina no fogo”.

– Se o governador for fazer demissões, vai ampliar o conflito. Começo a desconfiar de que há algum interesse do governador de que esta greve continue. Vamos tentar rever as demissões ainda durante a greve. Ele vai demitir todo mundo? Ele joga gasolina para apagar o fogo – declarou Prazeres.

Sobre a multa diária de R$ 500 mil, estipulada pelo TRT, Prazeres disse que vai recorrer porque o sindicato não tem condições de pagar. No domingo, o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) considerou a greve abusiva.

Ainda segundo o presidente do sindicato, 70 metroviários que faziam piquetes chegaram a ser mantidos dentro da estação pela polícia e alguns foram liberados. Treze pessoas foram levadas para o 36º Distrito Policial. A estação Ana Rosa foi aberta às 8h, com a Tropa de Choque dentro do local.

Cerca de 200 manifestantes seguiram da Rua Vergueiro em direção à sede da Secretaria Estadual de Transportes Metropolitanos. O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) informou que 1.500 pessoas estão concentradas na Praça da Sé e prometem ocupar a secretaria para exigir que o governo negocie com os metroviários. Eles pretendem seguir ainda para o prédio da Secretaria da Segurança Pública para pedir a liberação dos 13 manifestantes detidos na manhã desta segunda-feira.

No início da manhã, a Tropa de Choque da Polícia Militar usou bombas de efeito moral também para dispersar também um grupo de estudantes que incentivam a greve dos metroviários. Os jovens se afastaram por uma quadra da estação, onde também funciona um terminal de ônibus, e ocupam o outro lado da via. O trânsito da Rua Vergueiro precisou ser desviado enquanto o Corpo de Bombeiros apagava o fogo colocado durante piquete na via.

Os estudantes gritavam palavras de ordem contra o governador Geraldo Alckmin (PSDB), que ameaçou demitir por justa causa os metroviários que continuassem em greve nesta segunda-feira.

A segurança foi reforçada por cerca de 25 policiais militares na Estação Bresser-Mooca. A Polícia Militar informou que “a maioria das estações contaria com o reforço policial”. Mas não soube dizer em quais locais a PM estava presente. Na noite de domingo, Alckmin já havia sinalizado que usaria a Polícia Militar “para garantir a segurança de quem quisesse trabalhar”. O advogado Ricardo Gebrin, que atua para o Sindicato dos Metroviários, disse que 13 metroviários detidos serão levados para o 36º Distrito Policial.

Apenas as linhas 4- Amarela e 5-Lilás, privatizadas, funcionam normalmente. Na Linha 1-Azul, estão abertas as estações Luz, São Bento, Sé, Liberdade, São Joaquim, Vergueiro e Paraíso. Na Linha 2-Verde, estão abertas as estações Paraíso, Brigadeiro, Trianon-Masp, Consolação e Clínicas. Na Linha 3-Vermelha, estão abertas as estações Bresser-Mooca, Brás, Pedro II, Sé, Anhangabaú, República e Santa Cecília.

Um protesto está planejado para seguir até a sede da Secretaria de Transportes Metropolitanos. Devido à continuidade da greve, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) manteve a suspensão do rodízio nesta segunda-feira para veículos com placas 1 e 2. As empresas de ônibus afirmam que 100% das frotas estão nas ruas.

Uma assembleia está marcada para às 13h na sede do sindicato, na Zona Leste, para definir os rumos da greve.

Multa diária de R$ 500 mil

No domingo, os metroviários decidiram manter a paralisação do metrô paulista, apesar de o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) ter decretado a greve abusiva e determinado o pagamento de multa diária de R$ 500 mil aos dois sindicatos da categoria – o dos metroviários e o dos engenheiros. O desembargador Rafael Pugliese, relator do processo, afirmou que a paralisação é abusiva porque não foi assegurado o mínimo de serviço à população. Também em votação unânime, os desembargadores determinaram o desconto dos dias parados e a não estabilidade no emprego.

À noite, o governador Geraldo Alckmin ameaçou demitir, por justa causa, os grevistas que não retornassem ao trabalho nesta segunda-feira. – Quem não for trabalhar, incorre em possibilidade de demissão por justa causa – declarou o governador, durante entrevista coletiva na noite deste domingo.

– O TRT decidiu que a greve é a abusiva, totalmente ilegal. Hoje não tem discussão, ela é totalmente ilegal. O TRT definiu o índice do dissídio e a proposta adotada foi a do Metrô. Então, não tem o que discutir. Quero fazer uma convocação para que os metroviários voltem a trabalhar – disse o governador no domingo.

Na tarde de domingo, o presidente do Sindicato dos Metroviários, Altino Prazeres, disse que a categoria tem apoio popular e que não era intenção ter greve até a Copa.

Porém, Prazeres deixou claro que a categoria pretende aproveitar a Copa do Mundo e o período pré-eleitoral para pressionar o governo a negociar.

– Tem uma Copa do Mundo aqui, é o maior evento esportivo do mundo. O governo do Estado tem eleições no fim do ano. Tem que negociar. Temos que enfrentar o governo – afirmou.

Fonte: O Globo, 09/06/2014

Deixe um comentário

Rolar para cima