A queda de uma viga da obra do monotrilho da Linha 17-Ouro do Metrô deixou um operário morto e outros dois feridos, no fim da tarde desta segunda-feira, 9. O acidente aconteceu na esquina da Avenida Washington Luís com a Rua Vieira de Morais, no Campo Belo, zona sul de São Paulo, na frente do estacionamento do Aeroporto de Congonhas.
O operário Juraci Cunha da Silva, que teria 25 anos segundo familiares, trabalhava na colocação de uma viga que serviria de trilho, a uma altura de 25 metros. A estrutura, que pesa 90 toneladas, se desprendeu primeiro de uma das vigas, ficando na posição perpendicular, e, depois, se soltou completamente. Ao cair, arrastou Silva para baixo, prensando-o contra o material. O trabalhador morreu no local. Ficaram feridos outros dois operários, Carlos Vieira de Sousa e Manuel Cristiano da Silva. Os dois também estavam em cima da viga na hora do acidente e, de acordo com os bombeiros, passam bem.
Juraci da Silva era do Piauí e morava em São Paulo havia cinco anos. Segundo seu irmão, Antonio Sabino Cunha da Silva, ele trabalhava como ajudante-geral havia um ano na obra. “A gente se via pouco, as folgas não batiam. Ele morreu sem aproveitar a vida”, disse ele, que também trabalha no ramo de construção civil. “Ainda não sei como vou contar para nossa mãe, que já tem idade.” Ao todo, eram oito irmãos. Cinco deles, contando Juraci, moram em São Paulo.
A estrutura caiu pouco antes das 17 horas. A costureira Ana Teixeira de Sousa, de 66 anos, ouviu o estrondo de seu apartamento – na frente da obra. “Parecia uma explosão, desci correndo descalça. Um deles ficou pendurado.”
Segundo operários, a viga teria sido colocada havia poucos dias. Uma locadora de veículos ao lado do acidente foi interditada pela Defesa Civil. O impacto da queda da viga provocou rachaduras no subsolo. Segundo o coordenador da Defesa Civil, Jair Paca, a obra vai ficar interditada até o trabalho da perícia.
Em nota, o Metrô lamentou o acidente e informou que está exigindo do Consórcio Monotrilho Integração, responsável pela construção das vias e formado pelas empresas Andrade Gutierrez, CR Almeida, Scomi Engineering e MPE Montagens e Projetos Especiais, uma rápida apuração sobre as causas da ocorrência.
O Consórcio Monotrilho Integração também afirmou em nota que “lamenta o falecimento do colaborador”. O consórcio informou que uma perícia será feita no local para identificar as causas do acidente.
O secretário de Estado de Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, que participava de reunião para negociar o fim da greve com metroviários na hora do acidente, quase não falou sobre o que aconteceu com a viga do monotrilho. “Ainda não tenho o resultado do que foi. Vamos analisar.”
Susto. O comissário de bordo Daniel Maiochai Beirao, de 33 anos, viu todo o acidente. Ele conversava com um amigo ao lado casa, na frente da obra. “Vi um estalo, parecia um estalo de uma árvore quebrando, e corri para lá. Depois parecia um terremoto na hora que caiu”, disse ele, por volta das 19h30. “Estou tremendo até agora.”
Beirão viu uma das vítimas pendurada por quase 10 minutos. “Eu tinha acabado de passar por baixo da viga, como faço todo dia ao trabalhar.” O local estava interditada para carros, mas não para pedestres.
Polêmica. A Linha 17-Ouro, que ligará o Morumbi ao Jabaquara, só tem o trecho central, de Congonhas à Estação Morumbi da CPTM em construção. A extensão para o Jabaquara e, do outro lado, ao Morumbi, continua sem previsão. Esse primeiro trecho, segundo a Secretaria de Estado de Transportes Metropolitanos, tem previsão para ser entregue em 2015.
Por ser monotrilho, suspensa em viaduto, a obra teve resistência de moradores da região, que temem desvalorização dos imóveis e degradação do entorno das vias.
O governo do Estado já declarou de utilidade pública 161 imóveis para a construção do monotrilho da Linha 17-Ouro.
Fonte: O Estado de S. Paulo, 09/06/2014