Trilhos serão o caminho a seguir para próximo governo

Rio – Estopim dos protestos nas ruas no ano passado, a mobilidade urbana Região Metropolitana do Rio é um dos principais desafios do governador a ser eleito no domingo. Apesar de ainda estarem longe do ideal, os transportes de massa que são concessões estaduais — trens, metrô e barcas — voltaram a receber investimentos robustos depois de mais de uma década sem recursos públicos.

Nesta segunda reportagem da série do DIA sobre os problemas a serem enfrentados pelo próximo governo nas áreas de Segurança, Transportes, Educação e Saúde, especialistas apontam que a continuidade da expansão da rede de metrô e a melhoria dos serviços dos trens devem ser a prioridade para os próximos anos.

“Os trens da SuperVia são a chave para elevar o patamar da mobilidade. Temos de reconhecer que já melhoraram bastante com a chegada das novas composições, mas não é só isso. O próximo governo vai receber parte dos trens já comprados, mas tem de avançar na melhoria de estações e da segurança da via”, afirma Alexandre Rojas, professor de Engenharia de Transportes da Uerj.

Em 2012, entraram em operação 30 trens novos, e, neste ano, 12 das 70 novas composições compradas pelo governo estadual há dois anos já começaram a rodar, assim como dez trens adquiridos pela própria concessionária. Atualmente, segundo a SuperVia, 73% da frota são refrigeradas — até 2016, chegarão todos os trens encomendados e 100% das composições terão ar-condicionado.

“O período de 2000 a 2010 foi de muita dificuldade. Os trens chegaram a ter 35 anos de idade média, quando a vida útil do veículo é de 20 a 30 anos. Acho que a virada na qualidade dos serviços está acontecendo agora. Em 2016, a frota terá idade média de 15 anos”, afirma Carlos José Cunha, presidente da SuperVia. Ele acrescenta que a nota média do serviço em pesquisa interna com passageiros passou de 3,5, em 2011, para 6, neste ano.

O executivo lembra que as reformas das estações já estão previstas nos investimentos planejados até 2020 (R$ 2,1 bilhões da concessionária e R$ 1,2 bilhão do governo estadual), assim como a modernização do sistema de controle, que está sendo implementada, e a compra dos trens (já feita). Entretanto, o programa ‘Segurança da Via’, que prevê a eliminação de 40 cruzamentos oficiais e 150 irregulares, com a construção de muros e viadutos, depende de recursos do próximo governo. O custo seria de R$ 600 milhões e permitiria elevar a velocidade média dos trens dos atuais 45 para 60 quilômetros por hora.

Em relação à expansão do metrô, tanto Rojas quanto o engenheiro Fernando MacDowell, professor da PUC-Rio, concordam que o novo governo deve priorizar a implantação da linha Estácio-Praça 15, com passagem pela Carioca. “Essa é uma obra prioritária, que deveria ficar pronta antes da Linha 3 (São Gonçalo-Niterói, em processo de licitação). Há R$ 1 bilhão em obras feitas para essa linha, com parte do túnel escavado, e que foram abandonadas. É possível concluir esse trecho em três anos”, afirma

MacDowell, ressaltando que a linha é importante para receber o maior volume de passageiros que chegará à Praça 15 por causa das novas barcas, com capacidade para até 2 mil pessoas, que começam a funcionar até o fim de 2015 e que também trarão o fluxo da futura Linha 3 para o Rio. “Na área de transportes, é preciso ter visão sistêmica. O governo tem de programar os investimentos pensando na integração”, disse MacDowell.

Obras do Centro impactam transportes

As obras de revitalização da Zona Portuária e do Centro do Rio impactaram fortemente, desde 2013, os transportes de toda a Região Metropolitana, e houve um aumento significativo do número de passageiros. “Para 2015, durante as obras para a implantação do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), o trânsito deve ainda piorar. Apesar das obras serem da prefeitura, será um desafio também para o governo estadual, porque mexe com o transporte das pessoas que vem do Grande Rio para a capital, onde estão mais de 70% dos empregos”, prevê Alexandre Rojas, da Uerj.

Segundo o diretor de engenharia do MetrôRio, Joubert Flores, as obras do Porto aumentaram a média de passageiros por dia útil no metrô de 680 mil, no fim de 2013, para 800 mil, atualmente. “Foi um salto muito grande de uma hora para outra, que não tem paralelo em nenhum metrô do mundo.”

Joubert ressalta que os 19 trens, que chegaram entre 2012 e 2013 e faziam parte dos investimentos de R$ 1,1 bilhão do MetrôRio para a renovação da concessão, melhoraram muito a capacidade de transporte e o serviço. Segundo ele, atualmente, não há previsão de novos trens, além dos 15 que devem chegar até 2016, para a inauguração da Linha 4.

O executivo avalia que a construção do trecho Estácio-Carioca daria um grande ganho operacional, aumentando a capacidade do metrô em 300 a 400 mil passageiros por dia. Entretanto, a decisão da expansão cabe ao governo estadual. Nas barcas, os especialistas avaliam que os investimentos já feitos são suficientes para a demanda. O governo comprou nove barcas por R$ 270 milhões, que chegam até o fim de 2015, e acaba de concluir a licitação de outras quatro embarcações, por R$ 117 milhões.

Fonte: Jornal O Dia, 20/10/2014

Por Claudio Souza

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