Surgem mais pedras no caminho dos bondes

Ainda não vai ser desta vez que os moradores de Santa Teresa terão a oportunidade de voltar a andar de bonde. Após testes realizados na Rua Joaquim Murtinho nas últimas semanas, foi detectado um obstáculo para o acionamento do freio magnético dos novos veículos que circularão pelo bairro. O rejunte dos paralelepípedos com os trilhos ficou numa altura inadequada para o uso do mecanismo, último recurso dos quatro disponíveis para parar o bonde. O problema pode atrasar ainda mais o fim das obras de restruturação do sistema, iniciadas em novembro de 2013 e que, inicialmente, deveriam ter sido concluídas no fim do ano passado.

Secretário estadual de Transportes, Carlos Roberto Osorio diz que há duas formas de resolver o empecilho. A primeira seria retirar os paralelepípedos das bordas dos trilhos e recolocá-los numa distância maior. A segunda, cortar as pedras com uma “superserra” conhecida como maquita. O último método, diz ele, seria mais rápido. A decisão do que fazer será tomada nos próximos dias e comunicada aos moradores.

— Teremos um ‘‘retrabalho’’, e os testes com passageiros vão atrasar. O problema não impediria a circulação, mas, em deliberação conjunta com os moradores, os bondes não voltarão a rodar sem que todos os freios estejam em pleno funcionamento — afirma o secretário.

Segundo Osorio, um novo cronograma de intervenções será definido hoje numa reunião com a empresa responsável. Mas, enquanto os próximos passos continuam incertos, quem vive no bairro sofre. Além do buzinaço causado pelo engarrafamento nas ladeiras estreitas, a falta de passarelas ou avisos em meio a tantos buracos faz com que atravessar ruas seja uma tarefa árdua. Volta e meia, um carro cai numa vala ou bate nas pedras que estão pelo caminho. E só moradores podem acessar vias como a Almirante Alexandrino.

ASSOCIAÇÃO PEDE CLAREZA

No tradicional Bar do Mineiro, a solução foi a colocação de tapumes para evitar que os clientes tomem um banho de água suja.

— Por conta da chuva e de um vazamento, a rua virou uma lama só, que é jogada para o alto a cada ônibus que passa — conta Alexandre Paixão, funcionário do bar.

Jacques Schwarzstein, presidente da Associação de Moradores e Amigos de Santa Teresa (Amast), enumera uma série de preocupações em relação às obras. Na lista, estão a falta de um cronograma preciso e o medo de que a restruturação completa — com intervenções no Silvestre e no Largo das Neves — não seja concluída. Ele teme que o bondes cheguem só ao Largo dos Guimarães, com o propósito de atender os turistas.

— Ninguém nos informa nada — critica ele.

De acordo com a Secretaria de Transportes, dos cinco bondes em testes, três estão prontos para operar na primeira parte do trajeto (Carioca-Curvelo). A última previsão para o reinício da circulação normal no itinerário era o primeiro semestre deste ano. O sistema parou de funcionar em 2011, após um acidente deixar seis mortos.

Fonte: O Globo, 13/04/2015 

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