Prefeitura confirma plano B para o metrô do Rio

Diante da possibilidade de o governo do estado não terminar as obras da Linha 4 do metrô (Ipanema-Barra) a tempo para os Jogos Olímpicos, a prefeitura já pensa em alternativas. Ontem, o secretário-executivo de Coordenação de Governo, Rafael Picciani, confirmou medidas para um plano B, incluindo serviços de BRT entre a Barra e a Zona Sul, mudanças nas faixas de trânsito exclusivas para a família olímpica e a possibilidade de criação de novos feriados durante o evento.

Enquanto essas estratégias são elaboradas, o presidente interino Michel Temer disse ontem não estar equacionada a ajuda financeira da União ao estado para finalizar as obras, o que acabou aumentando as dúvidas sobre o cumprimento dos prazos. Em visita ao Parque Olímpico, Temer afirmou ter conversado sobre o assunto com o governador interino Francisco Dornelles, mas que só poderá falar sobre valores e avançar no tema semana que vem.

Apesar de ainda não haver uma solução para o metrô, Picciani disse estar confiante numa saída. Segundo ele, o plano de contingência já seria elaborado independentemente do risco de a Linha 4 não ficar pronta. De modo geral, é parecido com a operação montada para a saída do público do Parque Olímpico de madrugada, quando os espectadores poderão ir de BRT até o Centro, embarcando em oito plataformas temporárias.

Trajeto pela autoestrada

No plano B, no entanto, a complexidade é maior. Além dos 158 ônibus articulados já reservados para os serviços olímpicos, podem ser deslocados coletivos comuns, de BRTs como o Transoeste. O BRT temporário ligaria a Barra provavelmente a Ipanema ou Leblon, a pontos como o Jardim de Alah ou as praças Antero de Quental e General Osório. Nesse caminho, a faixa olímpica da conexão Barra-Zona Sul seria mudada da Avenida Niemeyer para a Autoestrada Lagoa-Barra e o Túnel Zuzu Angel.

— Certamente haveria um impacto maior no trânsito. Isso exigiria que o prefeito Eduardo Paes utilizasse alguns dispositivos do pacote olímpico, como a possibilidade de decretar feriados em datas específicas, ainda não previstas pela prefeitura — disse Picciani.

Caso essas alternativas sejam necessárias, informou, na Zona Sul os ônibus articulados circulariam pelas vias com BRS. Ao mesmo tempo, linhas regulares poderiam sofrer alterações.

— Já temos prontas as premissas do plano. Mas os detalhes operacionais, como os pontos de parada, ainda precisam ser refinados — disse Picciani, ressaltando que possíveis modificações no trânsito serão informadas em plataformas como o site que a prefeitura lançará esta semana sobre a cidade olímpica e em aplicativos como o Waze.

Antes de o secretário confirmar as ideias para o plano B, Temer havia afirmado, em sua visita ao Rio, que o governo federal está finalizando os estudos financeiros sobre a Linha 4. Num breve pronunciamento numa das arenas esportivas, ele reiterou que o governo federal ajudará o estado não só no discurso, mas com dinheiro.

— Combinei com o governador Dornelles, e vamos ter uma conversa, logo mais adiante, para equacionarmos em definitivo essa questão — disse ele, lembrando a visibilidade que a Olimpíada do Rio terá no mundo. — Sabemos que cinco bilhões de pessoas acompanharão os Jogos e terão os olhos voltados para o nosso país. Vamos colaborar não apenas com palavas, mas também nas necessidades de natureza financeira.

Dornelles reafirmou que uma das propostas do estado é saldar as dívidas com o Tesouro Nacional e com organismo internacionais por meio de um empréstimo de R$ 1 bilhão do Banco do Brasil, já aprovado pelo Conselho Monetário Nacional e autorizado no Senado. Assim, o Rio poderia tomar novos empréstimos.

Estado está inadimplente

Hoje, como o estado está inadimplente com a União e bancos internacionais, não pode contratar operações de crédito. Um desses financiamentos, de R$ 989 milhões e que é primordial para concluir as obras do metrô, ainda depende de o Rio comprovar que está adimplente com o governo federal, para ter o aval do Ministério da Fazenda e do BNDES.

Na passagem de Temer pelo Rio, ele teve uma reunião privada com Dornelles e Paes, que foi o porta-voz de uma série de pleitos. Entre eles, pediu ao governo federal que faça o possível para auxiliar na liberação dos recursos para o metrô. E requisitou que o limite de endividamento do estado seja ampliado de forma a assegurar o pagamento do funcionalismo.

Segundo a Secretaria estadual de Transportes, as obras do metrô não estão paradas. A pasta não deu uma previsão, no entanto, de quanto tempo poderá manter o ritmo atual de obras, aguardando a decisão de Temer. Enquanto isso, o estado apresentará hoje a estação de São Conrado da Linha 4, com as obras civis e os serviços de acabamento concluídos.

Fonte: O Globo, 15/06/2016

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