Obra da Copa, monotrilho vira abrigo para usuários de droga em São Paulo

Usuários de drogas ocupam hoje o que um dia foi a obra de mobilidade urbana mais esperada de São Paulo.

No canteiro central da avenida Roberto Marinho, na zona sul da capital paulista, usuários de drogas improvisam abrigos sob as vigas abandonadas do monotrilho da linha 17-ouro.

Para moradores e comerciantes locais, o atraso da obra ajudou a degradar a região, que nos últimos anos teve uma valorização imobiliária.

A maior concentração de usuários de droga é próxima ao cruzamento da avenida Vereador José Diniz.

Por ali, é possível ver lixo revirado, entulhos e materiais da obra do Metrô, além das pequenas barracas improvisadas por usuários de droga. A maioria delas é construída com lonas, cobertores e não chega a ter um metro de altura.

“Quem é de fora do bairro, quando chega aqui, tem medo. Principalmente à noite, quando para nos cruzamentos”, conta o morador Marcos Caetano, 54.

Para um gari, que trabalha na região e não quis se identificar, no último ano, a concentração de usuários de droga aumentou, já que seguranças dos condomínios de Campo Belo começaram a expulsá-los do bairro.

Jorge (nome fictício), um dos moradores de rua sob as vigas do monotrilho explica: “Eu sou nascido e criado nas Águas Espraiadas [nome da região ao longo do córrego de mesmo nome]. Isso era favela, depois virou avenida, e agora a gente está aqui porque é tranquilo, ninguém mexe nas nossas coisas”, conta.

“Se tivesse uma opção de moradia quando tiraram a favela, talvez eu não estivesse aqui”, diz ele.

OBRA DA COPA

Em junho deste ano, o secretário estadual dos Transportes Metropolitanos, Clodoaldo Pelissioni, disse à TV Globo que o Metrô, responsável pela obra, cuida do canteiro da linha e pediu à polícia que retirasse os usuários de droga do local.

O caso, porém, nunca foi totalmente solucionado.

A obra do monotrilho da linha 17-ouro, foi prometida pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) para ficar pronta até a Copa de 2014.

A linha ligaria o aeroporto de Congonhas ao estádio do Morumbi, na zona sul.

Mas, após seguidos atrasos e o abandono da obra, um novo consórcio foi contratado em junho para terminar a linha, que agora irá apenas até a estação Morumbi da CPTM.

OUTRO LADO

O Metrô e a Secretaria estadual dos Transportes Metropolitanos afirmaram à Folha que preparam um relatório sobre a presença de pessoas em situação de risco no local.

O relatório deve ser encaminhado para a Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social da Prefeitura de São Paulo e deverá pedir atenção especial para essa população.

O consórcio da obra deverá ainda reforçar as rondas pelo canteiro de obras, segundo informou o órgão.

Fonte: Folha de São Paulo, 09/09/2016

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