Nem todos tem a sorte de trabalhar em uma área onde pode ser vista tanta coisa. No prédio onde está a Aenfer, de um lado é possível contemplar, bem de longe, dois dos mais famosos cartões postais do Rio, o Pão de Açúcar e Cristo Redentor. É o lado mais bucólico e sereno, em que se ouvem pássaros cantando na arborizada Praça da República.
Em frente à fervilhante Av. Presidente Vargas, o cenário é outro e a tranquilidade é deixada de lado com o som dos automóveis, ônibus, buzinas e sirenes de ambulâncias e viaturas de polícia.
Pela janela da Aenfer vemos manifestações que vez ou outra passam e atravancam o trânsito, vemos algumas vezes acidentes e atropelamentos, frequentemente menores infratores roubando e agredindo pessoas.
Pela janela da Aenfer também vemos outro cartão postal, lindo e símbolo da ferrovia.
É um cartão postal que apesar da sua fama internacional, está esquecido, castigado e maltratado. O relógio de quatro faces da Central do Brasil não é mais o mesmo. Em fevereiro deste ano ele, misteriosamente, apareceu pichado. Na época, a Secretaria de Estado de Segurança, que administra o prédio da Central, informou que tinha sido instaurada uma investigação na delegacia da Praça da República (4ª DP) para apurar a autoria do ato de vandalismo contra o relógio. Uma perícia foi realizada no local e as providências para a raspagem do que estava escrito foi providenciada.
Ao que parece, o cuidado desse monumento importante para a história do Rio e do país não está sendo levado muito a sério pelas autoridades, tendo em vista que a Secretaria de Segurança Pública ocupa aquele prédio. O relógio voltou a ser pichado…
Um ato, não só de vandalismo, mas de ousadia e prova de vulnerabilidade da nossa cidade.
A foto acima mostra a marca da primeira pichação e, mais uma vez, a audácia de voltarem a pichar o relógio da Central do Brasil.
A segunda foto foi tirada em fevereiro deste ano.
Por: Silmara Reis – Jornalista da Aenfer, 22/11/2016
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