O Jornal O Globo publicou matéria no dia 21 de dezembro de 2017 intitulada “Projeto prevê shopping e hotel três estrelas na Central do Brasil”.
O projeto remete a vários questionamentos da Associação de Engenheiros Ferroviários (Aenfer) em relação à concessionária SuperVia que vem, ao longo dos anos, realizando diversas mudanças que, por lei, não poderiam acontecer. Citamos algumas:
- A concessionária mudou o nome de diversas estações, sendo algumas delas definidas através de Decreto Presidencial;
- A concessionária retirou cerca de 80 km de vias em bitola larga e 40 km de vias em bitola estreita;
- Qual o projeto da concessionária de via permanente, sistemas de sinalização, telecomunicações, rede aérea de tração, subestações e seccionadoras, obras civis/especiais e material rodante visando possibilitar o aumento de velocidade dos trens com diminuição do Headway?;
- Qual o projeto de acessibilidade nas estações que atende aos usuários?
- Qual o projeto de expansão do sistema, a saber:
– Santa Cruz/Itaguaí;
– Gramacho/Campos Elísios/Saracuruna (2ª linha de BL)
– Alargamento da bitola e eletrificação do Ramal de Vila Inhomirim
– Belford Roxo/Xerém/Jaceruba/Tinguá
- Como está acontecendo com relação ao cumprimento do contrato de concessão, assim como os termos aditivos firmados pela concessionária e o Estado do Rio de Janeiro?
- Qual o planejamento operacional em relação ao complexo ferroviário Barão de Mauá no que cabe a concessionária?
É oportuno alertarmos que após 29 (vinte e nove) anos de concessão, o sistema não conseguiu ultrapassar o número de 800.000 passageiros transportados/dia útil.
Esta associação não é contrária a utilização patrimonial do complexo ferroviário da Estação de D. Pedro II, para exploração comercial, porém, entendemos que as questões acima relacionadas são de entendimento prioritário.
Leia a matéria
Projeto prevê shopping e hotel três estrelas na Central do Brasil
RIO – A Central do Brasil, por onde 600 mil pessoas passam diariamente, vai ganhar um shopping com 276 lojas, cinemas e um hotel três estrelas com 200 quatros. Depois de quatro anos de negociações, o governador Luiz Fernando Pezão assina hoje um aditivo ao contrato de concessão da SuperVia que vai permitir a construção de empreendimentos comerciais em estações ao longo da linha férrea.
A previsão da concessionária é que sejam investidos R$ 300 milhões no complexo com 35 mil metros quadrados. O Shopping será erguido sobre as plataformas dos trens, enquanto o hotel, ao lado do histórico prédio da Central. Na segunda-feira, a prefeitura liberou a primeira licença ambiental da obra.
— Já desenvolvemos um projeto básico (conceitual). Agora, ele será detalhado. A expectativa é começar as obras no último trimestre de 2018 — disse o presidente da SuperVia, José Carlos Prober.
A concessionária desenvolverá o projeto com o grupo Saga Malls. O estado terá uma comissão sobre a exploração da área correspondente a 25% da receita bruta ou 50% do lucro líquido. A obra deve ficar pronta em 2020.
SUPERVIA QUER EXPANDIR IDEIA PARA A BAIXADA
O presidente da SuperVia, José Carlos Prober, explicou que o novo aditivo ao contrato tem o objetivo de dar garantia jurídica aos investidores do projeto na Central do Brasil, ao prever que eles serão indenizados caso o estado decida reassumir a administração do sistema ferroviário antes do previsto. O empreendimento será explorado pela iniciativa privada até 2049, quando vence o contrato de concessão entre o estado e a concessionária. A SuperVia também pretende construir shoppings junto às estações de trem de Nilópolis e Nova Iguaçu.
Como o prédio da Central do Brasil é tombado, o Iphan está acompanhando o andamento do projeto. A SuperVia negocia com o órgão uma espécie de contrapartida para compensar o impacto urbanístico do empreendimento. A proposta da concessionária é restaurar a estação da Central.
— Esperamos que o empreendimento ajude na revitalização do entorno da Central. A própria localização do hotel ajudará na ocupação, devido à facilidade de acesso aos transportes públicos. O entorno tem estações de metrô e VLT e terminais de ônibus — disse o presidente da SuperVia.
Para a realização das obras, as plataformas de embarque e desembarque serão ampliadas em 25 metros, aumentando também a área de circulação na gare. Os quiosques existentes no saguão do prédio serão remanejados para as plataformas. A cobertura do shopping será translúcida, o que permitirá ao frequentador ter uma visão parcial do relógio da Central.
CENTRO DE CONVENÇÕES
O grupo Saga Mall informou que também planeja construir um centro de convenções anexo ao hotel. A empresa fez estudos de viabilidade econômica que traçaram o perfil dos frequentadores do entorno da Central. A análise concluiu que eles têm renda mensal média de R$ 4,3 mil.
O plano da SuperVia não tem relação com o projeto do prefeito Marcelo Crivella, que pretende construir centros comerciais e prédios residenciais sobre a linha férrea em uma parceria público privada, ainda sem data para sair do papel. A proposta, que tem o apoio de investidores russos, prevê ocupar o eixo ferroviário do Maracanã até a Avenida Presidente Vargas. O município já lançou um edital convocando interessados em desenvolver o projeto, sem ônus para a prefeitura.
Matéria do jornal O Globo, 21/12/2017