sistema de trens do RJ ‘saiu dos trilhos’

O passageiro que depende dos trens da SuperVia no Rio de Janeiro vêm sofrendo ao logo dos últimos anos com atrasos constantes nas viagens, sucateamento de material e violência que apavora.

A SuperVia alega que a maioria das paralisações e atrasos nas viagens ocorreu por causa de furtos. E que somente este ano, 30 quilômetros de cabos foram roubados por criminosos. Número quatro vezes maior que em 2020.

Problemas que afetam passageiros dos trens vão além do furto de cabos - Reprodução TV Globo

Foto: G1

Foram roubados não só cabos de energia e sinalização, mas também grampos de ferro que fixam os trilhos. Sem a fixação eles ficam soltos e não suportam o peso dos trens.

De acordo com a SuperVia, 1.100 viagens foram canceladas ou interrompidas desde janeiro por causa desse problema.

O RJ1 teve acesso a um documento da Agência Reguladora de Transportes (Agetransp). Os dados são de janeiro a agosto deste ano. O documento mostra que os problemas enfrentados pelos passageiros vão além da violência.

Ocorreram 95 avarias no sistema elétrico, na rede aérea, na sinalização e nos próprios trens. Isso dá uma média de um a cada dois ou três dias. Também foram registradas seis colisões violentas, chamadas pela Agestransp de abalroamento. O descarrilamento, quando o trem sai do trilho, foi registrado 12 vezes. Ou seja, três a cada dois meses.

Foram registradas também 25 ocorrências de fatores externos, como por exemplo, chuvas fortes ou ventos, obstáculos na via e atropelamentos de animais.

Num relatório da Casa Fluminense, especialistas afirmam que a culpa não é apenas da crise devido à pandemia. E muito menos dos antigos roubos de equipamentos. Segundo o documento, os problemas passam pela falta de transparência do contrato e do lucro da empresa, pela fiscalização falha e pelo contrato de concessão que permite o reajuste de tarifa com base num índice que pode deixar a passagem muito cara.

Na segunda-feira (6), o RJ1 mostrou a sugestão da SuperVia para aumentar o valor da tarifa, de R$ 5 para R$ 7, 40% a mais.

Para a concessionária, essa é uma das alternativas para a empresa tentar reequilibrar as contas. A empresa ainda foi ao governo do estado para tentar uma ajuda de R$ 211 milhões, com a justificativa de queda no número de passageiros durante a pandemia. E espera uma responsa.

O RJ1 pediu uma entrevista com o novo secretário estadual de Transportes, André Luís Nahass, mas a secretaria não responde à solicitação.

Concessão ficará ‘inviável’
Em outro documento obtido pelo RJ1, a SuperVia diz à Agestransp que muito em breve a concessão pode ficar inviável. Ao RJ1, a empresa afirmou que tem uma dívida de R$ 1,2 bilhão.

Em 2019, a empresa, que pertencia à Odebrecht, foi vendida para a Mitsui – um dos maiores conglomerados do Japão – o que inclui até uma empresa de seguros.

Enquanto tenta recuperar o lucro e aumentar a tarifa, muita gente continua embarcando de graça nos trens. É o que acontece em várias estações, como num flagrante feito nesta terça-feira (7), pelo Globocop, em Senador Camará, na Zona Oeste. Os passageiros usavam um buraco no muro da via férrea, aberto há anos.

“É muito perigoso. É muito perigoso. As estações estão sucateadas. A verdade é essa. A gente não tem segurança em nenhuma das estações. São poucas as estações que têm segurança, entendeu? Só as maiores mesmo”, disse um passageiro.

Em apenas um mês foram 21 assaltos e furtos a passageiros, segundo registros da própria SuperVia. A maioria, na Central do Brasil, a principal estação do estado.

Entre o pedido de aumento de passagem, problemas que não acabam e números que assustam ficam os passageiros, que sofrem com tudo isso. .

O governo do estado disse que dialoga com a SuperVia e que busca melhorar os serviços e reequilibrar o contrato, garantindo um aumento com menor impacto para o passageiro.

Afirmou também que o índice IGP-M, que deixa a passagem mais cara, está no contrato desde 1998. E que é um dos temas tratados com a concessionária.

A SuperVia disse que a atual gestão age com transparência e informa todas as ocorrências à Agetransp. E, novamente, que tem tido prejuízos com furto de cabos. Declarou também que os furtos de grampos podem causar descarrilamentos. E que se esforça para manter a operação com menor prejuízo possível aos passageiros. A SuperVia novamente disse que foi impactada pela pandemia. E que o IGP-M é o índice previsto no contrato de concessão.

A PM explicou que a força-tarefa criada para combater o crime na linha férrea vai continuar por tempo indeterminado. E que 211 pessoas foram presas em flagrante por crimes, como furto de materiais, porte de armas e tráfico de drogas, além de apreensões.

Fonte: g1.globo.com/rj, 08/12/2021

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