A Empresa de Planejamento e Logística (EPL) retomou discretamente os estudos para a construção do Trem de Alta Velocidade (TAV). O projeto de ligação ferroviária entre Rio, São Paulo e Campinas havia praticamente desaparecido desde que a presidente Dilma Rousseff decidiu suspender, em cima da hora, o leilão marcado para agosto de 2013. Era terceira tentativa fracassada de licitação.
Como os estudos ficaram desatualizados, o Tribunal de Contas da União (TCU) determinou uma revisão geral dos números considerados no projeto, caso o governo tenha a intenção de tirá-lo novamente da gaveta. A EPL, presidida pelo engenheiro Josias Cavalcante, já tem quase prontos os termos de um edital para contratar estudos que vão trazer novas estimativas de demanda de passageiros e reavaliar o traçado do TAV. Para isso, haverá a necessidade de um intenso trabalho de campo, como a realização de sondagens geológicas.
Antes de lançar uma concorrência pública, no entanto, a estatal aguarda uma decisão política do governo sobre a continuidade do projeto. O que se quer é evitar toda a novela em torno dos preparativos de uma megaconcessão e nova desistência no fim do processo.
Da última vez, Dilma optou por adiar indefinidamente o leilão, apesar de pelo menos um consórcio internacional ter garantido a apresentação de uma proposta: os franceses da Alstom e da SNCF. Os consórcios da Espanha e da Alemanha confirmaram interesse, mas pediram mais prazo para a elaboração de suas ofertas. Em meio às denúncias de um cartel nas obras de metrôs, o governo decidiu não fazer a licitação com apenas um concorrente.
Agora, porém, o trem de alta velocidade tem apoio bem mais limitado na Esplanada dos Ministérios. O maior entusiasta do projeto era o economista Bernardo Figueiredo, que deixou a EPL. Quem também defendia o projeto era o ex-ministro dos Transportes, Paulo Passos, que saiu do governo. Outros setores têm visão mais crítica do empreendimento.
Na época do adiamento, cogitou-se a possibilidade de aproveitar para fazer avanços no projeto executivo do trem-bala e no licenciamento ambiental, mas quase nada andou desde então. De volta à estaca zero, o projeto terá novas estimativas sobre a demanda de passageiros em relação às preparadas pela consultoria britânica Halcrow em 2009. O projeto atual prevê oito estações: aeroporto de Viracopos, Campinas, São Paulo, aeroporto de Guarulhos, São José dos Campos, Volta Redonda-Resende, aeroporto do Galeão e Rio de Janeiro.
Fonte: Valor Econômico, 08/01/2015
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