Parte da paisagem de cidades e capitais europeias como Barcelona, Paris e Lisboa, os VLTs (Veículos Leves sobre Trilhos) vivem um boom no Brasil, mas com características singulares: aqui usarão majoritariamente vias férreas já existentes e serão movidos a diesel.
Esse foi o “jeitinho” brasileiro para viabilizar a cara tecnologia de transporte de passageiros onde a demanda não justifica o investimento em metrô, mas supera a de um corredor de ônibus.
Até agora, há apenas um em operação no país: o VLT do Cariri, projeto do governo do Ceará que liga as cidades de Crato a Juazeiro do Norte.
Mas há projetos em fase adiantada em Recife, Maceió, Arapiraca (AL), Fortaleza, Sobral (CE) e Macaé (RJ).
Todos usarão vias já implantadas, o que reduz o investimento. Os carros serão a diesel, também mais baratos.
Com isso, o investimento supera, na maioria dos projetos, R$ 10 milhões por quilômetro. Segundo Márcio Florenzano, diretor comercial da fabricante Bom Sinal, a tecnologia é “ideal” para ligações entre centro e subúrbios ou regiões periféricas.
EUROPEUS
“Não é um VLT que possa se chamar de turístico, embora se iguale em conforto aos europeus.”
Uma das diferenças, diz, é que o embarque não se dá no mesmo nível da via. Além disso, os europeus são movidos a eletricidade. Assim, poluem menos e são silenciosos.
Para Florenzano, porém, os VLTs são vantajosos porque transportam mais gente do que três ônibus juntos e, mesmo a diesel, emitem 50% menos por passageiro.
Líder no Brasil, a Bom Sinal nasceu quase por acaso. Fazia cadeiras escolares e para trens urbanos, quando foi incentivada pelo governo do CE a entrar na licitação do VLT do Cariri. Venceu e hoje há, ao menos, 20 cidades interessadas na tecnologia.
“Tenho certeza de que os projetos vão se espalhar pelo Brasil. Há muita malha ferroviária ociosa, e os VLTs são uma alternativa barata para reabilitar vários trechos com pouco uso”, diz Bartolomeu Carvalho, gerente da estatal CBTU, que administra os projetos de Recife e Maceió.
Existem, porém, ao menos mais três projetos nos quais a tecnologia que se firma no NE não se adapta. Para Brasília, Rio e Baixada Santista, a melhor alternativa é a de veículos elétricos, mais caros.
Fonte: Folha de S. Paulo, 24/07/2011