Às vésperas de completar 150 anos, as ferrovias paulistas apostam na expansão de sua infraestrutura, principalmente a duplicação de linhas e a construção de pátios, para ampliar suas operações. E, com isso, aumentar sua participação na movimentação de cargas do Porto de Santos. Para a concessionária MRS Logística, a meta é crescer em 10% a produtividade de todo o sistema ligado a Santos. Já a Rumo trabalha na revitalização, na expansão logística de sua rede e na renovação da concessão da malha paulista, que requer investimentos de R$ 4,7 bilhões.
O crescimento do transporte ferroviário de cargas é um objetivo perseguido por autoridades, empresários e especialistas em Logística. Mesmo após 150 anos da inauguração da São Paulo Railway, a primeira ferrovia do Estado, que ligava o Porto de Santos às regiões cafeeiras paulistas– data a ser celebrada na próxima terça-feira – , o modal ainda é pouco utilizado quando comparado com o rodoviário.
Cada composição ferroviária tem até 80 vagões, chegando a três quilômetros de extensão. Um vagão é capaz de transportar de 80 a 100 toneladas de grãos. Isso significa que cada um pode substituir até quatro caminhões. Uma composição leva de 6,5 mil a 8 mil toneladas de mercadorias de uma só vez, retirando das estradas 320 veículos de carga.
Segundo a MRS Logística, nas operações com contêineres, que beneficiam diretamente a indústria do Estado, com logística mais segura e menos poluente, a empresa tem registrado crescimentos próximos a 30% ao ano, entre 2013 e 2016. Esses resultados foram obtidos mesmo com a economia em retração.
Nos últimos três anos, a MRS investiu R$ 445 milhões na malha paulista. O investimento integra um projeto plurianual que, segundo a empresa, continuará com foco no aumento da capacidade de transporte de cargas.
Entre os projetos estão a segregação de trilhos de cargas e passageiros e ainda a aquisição de material rodante, assim como a duplicação e sinalização de trechos na Margem Direita do Porto de Santos. Melhorias de pátios, pontes ferroviárias e sistemas de operação também estão na lista de investimentos que estão mantidos para os próximos anos.
“Santos-Campinas é a nossa rota mais pujante no transporte de contêineres. É por este eixo que são escoados produtos agrícolas e, como se não bastasse, a ferrovia ainda liga o Porto à Região Metropolitana de São Paulo e ao Vale do Paraíba. Ou seja, conecta São Paulo a qualquer região do País, quando pensamos na grande sinergia operacional entre os trens e a navegação de cabotagem”, destacou a empresa, em nota.
Renovação da concessão
Os investimentos da Rumo estão ligados à renovação da concessão da malha paulista. O plano, de acordo com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), visa o aumento da capacidade de transporte ferroviário dos atuais 35 milhões de toneladas para cerca de 75 milhões de toneladas, já nos primeiros anos.
Para isso, a empresa se compromete a investir R$ 4,7 bilhões nos próximos anos.
O investimento prevê duplicações de trechos ferroviários, ampliação de pátios, modernização de via, obras para mitigar os conflitos urbanos entre a ferrovia e diversos municípios atualmente atravessados pela ferrovia, ao longo dos 1.989 quilômetros de extensão da malha. A segurança do transporte ferroviário de cargas também é outro pronto que a empresa deve se comprometer.
As malhas ferroviárias sob administração da Rumo, ligam Rondonópolis (MT), coração do agronegócio brasileiro, e o Porto de Santos, o principal canal de exportação de commodities do Brasil.
De acordo com a Rumo, foram adquiridas 109 locomotivas e quase 1,6 mil vagões. A companhia também investiu em manutenção, recuperação e duplicação de trechos da linha férrea, além de ampliação e construção de pátios. Entre as principais obras está a duplicação do trecho Campinas-Santos, concluídas no ano passado, com investimento de R$ 730 milhões.
Fonte: A Tribuna, 16/02/2017