O Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT) do Rio corre o risco de parar de funcionar a partir de abril. O motivo é a falta de dinheiro para manutenção do serviço. O consórcio que administra o transporte afirma que a prefeitura tem uma dívida de quase R$ 110 milhões de repasses atrasados. Já o prefeito Marcelo Crivella classifica o transporte como uma “porcaria”.
O VLT foi inaugurado em junho de 2016 e é um legado das olimpíadas do Rio. As obras custaram quase R$ 1,2 bilhão. Mais de R$ 500 milhões foram pagos com dinheiro público, do Programa de Aceleração do Crescimento da mobilidade.
O consórcio pagou a outra parte, de R$ 625 milhões, e tem o direito de operar o serviço por 25 anos. O contrato previa que a prefeitura pagaria de volta para a empresa 270 parcelas de R$ 9 milhões – o valor das obras. Porém, desde maio de 2018, o município não faz os repasses.
“Hoje nós já temos uma série de dívidas e não temos como continuar operando por muito tempo, por conta de dívidas já contraídas com fornecedores críticos para a nossa operação”, disse Márcio Hannas, presidente do consórcio que administra o VLT.
Críticas do prefeito
Durante uma reunião com 80 servidores que não estava na agenda oficial da prefeitura, o prefeito Marcelo Crivella chamou o VLT de “porcaria”. A declaração foi registrada em um áudio, revelado pelo Jornal O Globo.
“No contrato que foi feito, quando o bondinho, o trenzinho, alcançar a fase 3, a prefeitura tem que garantir 260 mil passageiros por dia. Quantos tem hoje? 60 mil. No final de um ano, dá duzentos e tantos milhões. Eu tenho 1.500 escolas precisando de reforma. Eu tenho hospitais precisando… Como é que eu vou fazer isso? Isso é maluquice. Isso é doideira. Como é que eu vou garantir que tem que ter passageiro no ônibus, que tem que ter passageiro no vlt? Quanto custou aquela porcaria? R$ 1 bilhão”, disse Crivella.
Em janeiro deste ano, o consórcio tentou renegociar a dívida com a prefeitura, mas, não chegaram a um acordo. O consórcio diz que, hoje, 80 mil pessoas usam o VLT todos os dias. Uma das contrapartidas do contrato era de que a prefeitura deveria garantir 260 mil passageiros diariamente.
“A negociação que foi feita com a prefeitura foi: a prefeitura pagar menos da metade da dívida que ela tem com o consórcio, para que a gente pudesse botar a linha 3 em operação. Nós estamos desde o início de fevereiro nesse impasse em que a gente não consegue, da prefeitura, a assinatura do acordo”, destacou Hannas.
Impasse
O prefeito Marcelo Crivella propõe mudar a contrapartida. Segundo ele, garantir 260 mil passageiros diariamente equivale a um prejuízo de R$ 420 mil por dia. Ele propõe acordo para que a prefeitura se comprometa a garantir apenas 100 mil passageiros por dia, o que diminuiria o prejuízo com o excedente que deve ser repassado ao consórcio.
Além disso, Crivella propõe elevar o tempo de concessão de 25 anos para 35 anos. Caso o consórcio não aceite a proposta, o prefeito afirmou que irá levar o caso à Justiça.
Fonte: G1, 21/03/2019