O secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc, e a presidente do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), Marilene Ramos, apresentaram na tarde desta segunda-feira a licença de instalação (LI) para as obras de expansão do metrô na Zona Sul. A LI foi aprovada com uma série de restrições, entre elas a redução em 32% no número de árvores a serem transplantadas (de 113 para 77) na Praça Nossa Senhora da Paz, em Ipanema. O Conselho Diretor do Inea aprovou, ainda, a exigência de replantio de 400 árvores no bairro.
— A prefeitura decidirá as espécies e os locais exatos dessas árvores — disse o secretário.
Outra medida adotada foi a proibição de novas lojas, uma das reivindicações da população. Também está prevista a instalação de bicicletários em todas as estações da linha 4 do metrô. — Estão vedados os estabelecimentos comerciais para que não haja competição com o comércio local — disse Minc, que acrescentou que os acessos à estação da Nossa Senhora da Paz não serão por dentro da praça.
Além da preservação ambiental, o consórcio Rio Barra, responsável pela obra, terá que se comprometer em manter o aspecto recreativo da praça, que será restaurada. Outras modificações estabelecidas pela LI foram no traçado do futuro itinerário Humaitá-Jardim Botânico-Gávea e na estação da Gávea, que deverá ter dois pavimentos.
— O metrô não vai passar mais por trás do Parque Lage, nem por cima da Rua Jardim Botânico porque isso afetaria os lençóis freáticos. Então, ficou acertado que, daqui a seis meses, a concessionária vai apresentar um novo projeto, pelo qual o metrô vai passar pela frente do Parque Lage e por baixo da Rua Jardim Botânico e também a estação da Gávea, que será em dois níveis — afirmou Minc.
O Governo do estado divulgou que estuda, ainda, um novo projeto de expansão da Linha 4 do metrô, que ligue a estação da Gávea ao Centro, passando pelo Jardim Botânico, Humaitá e Laranjeiras. Segundo o estudo, o novo traçado deve percorrer as proximidades do Largo da Carioca e, portanto, não terminaria mais em Botafogo (perto do shopping Rio Sul), como no antigo projeto. O estudo deve ficar pronto até o final do ano e, depois de licitado, o projeto deve ser elaborado em 18 meses. O Governo afirma, porém, que esse trecho de ligação ao Centro não deve ficar pronto até 2016.
Associações em Ipanema divergem sobre as restrições
Apesar das restrições anunciadas, a coordenadora da ONG Projeto de Segurança de Ipanema, Ignez Barreto, afirma que o projeto ainda vai prejudicar a praça.
— Mesmo que os acessos fiquem no entorno, serão cerca de 40 mil pessoas por dia circulando na praça – disse Ignez, que defende que as saídas sejam na Rua Visconde de Pirajá, entre as Ruas Maria Quitéria e Garcia d’Ávila.
Já para o presidente da Associação de Moradores de Ipanema, Carlos Monjardim, as contrapartidas impostas pela Secretaria e pelo Inea são um avanço.
— Não podemos ser contra o progresso. Cabe às associações tentar minimizar os transtornos. Em uma reunião com o subsecretário da Casa Civil, Rodrigo Vieira, tivemos a garantia dessa redução das árvores transplantadas e também a possibilidade de indenização para os comerciantes que tiverem queda no faturamento durante as obras — disse Carlos, que acrescentou que a Associação Comercial de Ipanema propôs o uso dos tapumes como publicidade para os comerciantes locais.
Acesso para o metrô na Lagoa ainda não foi oficialmente apresentado
Segundo o chefe de serviço do Inea, Maurício Couto, a possibilidade de haver uma saída de ventilação do metrô para a Lagoa , como O GLOBO noticinou nesta segunda-feira, ainda não foi apresentada oficialmente ao instituto. O canal de ventilação está previsto para passar no espaço entre dois prédios, os números 1976 e 2014 da Avenida Epitácio Pessoa.
— A RioTrilhos ainda não tem nada oficial sobre essa proposta. Mas, havendo esse acesso, ele poderá ser uma área de serviço do metrô ou entrada de passageiros.
Fonte: O Globo, 25/06/2012