Rio de Janeiro tem o pior tempo de deslocamento para o trabalho entre oito capitais
Pesquisa do Instituto Cidades Responsivas revela deficiências no transporte público e na conexão entre residências e empregos.
Um estudo do Instituto Cidades Responsivas acendeu um alerta sobre a mobilidade urbana no Rio de Janeiro: a cidade apresenta o pior tempo de deslocamento para o trabalho entre oito capitais brasileiras analisadas. A pesquisa, baseada no Indicador de Mobilidade Urbana, considerou o número de postos de trabalho acessíveis em até 45 minutos de transporte público a partir das residências.
A pesquisa revelou que o tempo de deslocamento varia de acordo com a região da cidade. A Zona Sul, o Centro e parte da Zona Norte têm os menores tempos de deslocamento, enquanto a Zona Oeste e os bairros mais distantes do Centro apresentam as maiores dificuldades.
Guilherme Dalcin, cientista de dados do Instituto Cidades Responsivas, explica que o Indicador de Mobilidade Urbana mede a eficiência do sistema de transporte e o acesso a oportunidades de emprego. “Quanto maior o valor do indicador, maior o número de oportunidades às quais as pessoas têm acesso de forma rápida”, afirma.
O estudo se baseou no conceito de acessibilidade ao trabalho proposto pelo urbanista Alain Bertaud, que considera deslocamentos de até uma hora como aceitáveis em grandes cidades. No entanto, a pesquisa utilizou um critério mais rigoroso, com tempo máximo de 45 minutos.
Luciana Fonseca, diretora do Instituto Cidades Responsivas, aponta a extensão territorial e as características geográficas do Rio como fatores que contribuem para a ineficiência do transporte público. Ela destaca a importância de investir em planejamento urbano e em políticas que incentivem o uso misto do solo, com a criação de bairros que integrem moradia, comércio e serviços.
Filipe Simões, especialista em mobilidade urbana, cita o projeto Reviver Centro como uma iniciativa positiva para a reocupação da área central da cidade. Ele também defende a intervenção na região do Sambódromo, que prevê a construção de moradias em áreas subutilizadas.
O cenário de dificuldades na mobilidade urbana se agrava com o recente aumento das tarifas de ônibus e trem. A passagem de ônibus subiu para R$ 4,70 e a tarifa do trem passará para R$ 7,60 em fevereiro.
A Secretaria Municipal de Transporte do Rio (SMTR) afirma que a pesquisa reforça a importância de políticas públicas que promovam a reocupação do Centro e a melhoria do transporte público.
Fonte: Diário do Rio, 08/01/2025