O Rio é um dos estados mais beneficiados nos três pacotes de logística já lançados pelo governo federal neste ano, que tratam de rodovias, ferrovias e portos. Segundo estimativas da Federação das Indústrias do Estado do Rio (Firjan), foram anunciados novos investimentos que somam R$ 20 bilhões, o que pode dinamizar a atração de indústrias, sobretudo para o Norte Fluminense. Este valor, que equivale a 8,8% dos R$ 225 bilhões dos programas federais para os três modais, deve crescer com o lançamento do plano para os aeroportos, a ser divulgado antes do Natal, quando está previsto o anúncio da concessão do Galeão.
Entre as obras, estão os R$ 11,5 bilhões para os portos do Rio e de Itaguaí. O setor ferroviário receberá pouco mais de R$ 8 bilhões para a reativação do contorno férreo da Baía da Guanabara, adequação da ferrovia entre Niterói e a divisa com o Espírito Santo, além da construção da nova ligação entre Campos de Goytacazes e Uruaçu (Goiás), o que poderá ser um caminho para o escoamento de soja pelo Estado do Rio, e de melhorias nas estradas de ferro mineiras, que podem causar impacto no Rio.
Estes investimentos serão combinados com obras em construção anteriores aos pacotes, como o Arco Metropolitano — que ligará as principais rodovias do estado, evitando o tráfego desnecessário de veículos na capital e na Ponte Rio-Niterói. Mas a obra que tende a se beneficiar mais com estes projetos do governo federal é o Porto do Açu, que a LLX (subsidiária da EBX) constrói em São João da Barra. O terminal, que passará a ter ligações com todo o estado, também fica liberado a operar contêineres, permissão presente no pacote de portos, anunciado na quinta-feira.
— O Rio tem a oportunidade de ganhar ligações importantes e muitas integrações em modais diferentes, fazendo com que tenha mais eficiência em seus transportes. Isso favorece a atração de novas empresas, sobretudo na região Norte do Estado. O Rio foi um dos destaques nestes pacotes do governo federal — afirmou Cristiano Prado, gerente de competitividade industrial e investimentos da Firjan, lembrando que sua entidade já mapeou R$ 221 bilhões de investimentos no Estado até 2014.
Prado afirma que o importante é fazer com que estes investimentos sejam, de fato, concretizados. Para isso, lembra, os governos precisarão acelerar questões burocráticas e as licenças ambientais. Ele espera que os primeiros benefícios serão sentidos em dois anos, principalmente na área dos portos.
Isso poderá, em sua opinião, fazer com que o setor de cabotagem cresça fortemente. Ele não acredita, contudo, que o Rio vai “roubar” cargas de outros estados do país: — Vemos uma demanda reprimida muito grande, há espaço para que todos cresçam com mais eficiência logística — disse Prado.
Medidas ignoram Dutra, BR-040 e Ponte
Apesar de acreditar que o Rio foi um dos estados mais beneficiados por esse pacote, ele lembra que algumas obras vitais para a logística ficaram de fora. Estes problemas estão concentrados em rodovias, justamente nas estradas que foram concedidas nos anos 90 e que vivem com alguns gargalos que, para serem solucionados, demandam investimentos de R$ 2,7 bilhões. São eles a nova pista para a subida da serra de Petrópolis na BR-040 (orçada em R$ 750 milhões), a duplicação da Via Dutra na Serra das Araras (com custo estimado de R$ 1,8 bilhão), a ligação Ponte-Linha Vermelha e o mergulhão de Niterói, de cerca de R$ 220 milhões.
Fonte: O Globo, 08/12/2012