As melhorias em infraestrutura necessárias para acompanhar o crescimento do país nos próximos vão requerer cerca de R$ 200 bilhões até 2020, segundo estimativa do secretário de Política Nacional de Transportes do Ministério dos Transportes, Marcelo Perrupato. De acordo com ele, os investimentos devem fazer parte de planejamento estratégico de longo prazo. “Será possível chegar a esse valor. O Plano de Investimentos em Logística [lançado pelo governo federal em agosto de 2012] já prevê boa parte desses investimentos”, lembrou Perrupato, ao participar do InfraBrasil Summit, evento em São Paulo que discute o setor de infraestrutura.
O plano do governo federal previu um pacote de concessões de rodovias e ferrovias com investimento de R$ 133 bilhões ao longo de 30 anos — sendo R$ 79,5 bilhões nos cinco primeiros anos. Ao todo, o plano prevê duplicar 7,5 mil quilômetros de rodovias e construir 10 mil quilômetros de ferrovias, em parceria com empresas do setor privado por meio de concessões.
Perrupato reforça que o plano voltou a dar peso ao setor ferroviário. “Mesmo avançando lentamente as ferrovias já representam 30% da matriz de transportes brasileira”, diz. Ele lembra que historicamente os investimentos do Ministério dos Transportes ficaram concentrados no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), responsável pela construção e manutenção de rodovias e que teve seus recursos multiplicados por dez nos últimos dez anos. Em 2003 o órgão recebeu R$ 2,5 bilhões, enquanto em 2013 os recursos previstos chegam a R$ 25 bilhões. “Esse aumento teve dificuldades de ser revertido em obras entregues, pois havia despreparo das construtoras, da mão de obra e do próprio órgão que ganhou maior montante para executar obras, mas continuou praticamente com o mesmo número de funcionários.”
Outro desafio com o aumento dos investimentos, segundo o secretário de Política Nacional de Transportes do Ministério dos Transportes, é executar os recursos previstos. “No ano passado o DNIT executou de 85% a 90% dos R$ 18 bilhões que estavam previstos”, diz. Perrupato recorda quem em 2012 tanto o DNIT quanto a Valec, que executam as obras de rodovias e ferrovias, respectivamente, foram alvo de denúncias de irregularidades que levaram à troca de comando dos órgãos.
Fonte: Valor Econômico, 28/01/2013