A falta de um projeto para a revitalização de antigas estações de trem em São José dos Campos trava a liberação de um recurso de R$ 500 mil do Ministério da Cultura para a cidade realizar as obras. A prefeitura afirma que até o fim deste mês vai encaminhar o projeto para restauração de pelo menos uma das três estações previstas.
Os prédios fizeram parte da história, mas sofrem com a ação do tempo. No bairro do Limoeiro, a antiga estação construída em 1894 pertencia à União e desde a década de 1990 está abandonada. Desempregados, Claudio e Vilma Azevedo invadiram a área e dividiram o espaço em cômodos. “A gente estava sem condições de ter moradia. Aí, faz três anos que nós entramos e ninguém nunca veio falar. Aqui, era tudo mato. A gente limpa, a gente cuida”, conta Claudio.
Porém o espaço que os abriga está com os dias contados, pois o local é uma das áreas cedidas provisoriamente pelo governo federal ao município. Caberá à prefeitura revitalizar e restaurar o prédio. A obra está prevista para o ano que vem. “Nós vamos fazer o restauro, a revitalização, e criar uma área de multiuso que tenha o foco com a cultura ou escola ligada com a arte ou cursos ligados com a arte ou até um museu, que conte a história da ferrovia”, explica Rosana Tavares, diretora do Patrimônio Histórico.
A intenção é ampliar o projeto e revitalizar outras estações da cidade. A que fica no distrito de Eugênio de Melo tem a estrutura mais preservada, apesar de ter muitas pichações na área interna e problemas no telhado.
Já a estação Martins Guimarães, tem madeiras escorando a estrutura, que está ameaçada e problemas no telhado. “É uma estação do início do século XX. O principal movimento dela era de escoamento da produção agrícola da região. Das estações que nós temos é que está mais deteriorada. Ela sofreu ao longo do tempo com vandalismo, onde afetaram o telhado, de telhas francesas, de Marseille, legitimamente francesas. A ideia é torná-la também um espaço cultural, porque aqui na região muito carente nessa questão cultural”, relata o arquiteto, Robson Bernardo.
Mas, para que essas áreas sejam de novo reaproveitadas, vai ser preciso também melhorar o acesso a elas, porque todas estão em pontos mais afastados da cidade. “A nossa parte de patrimônio histórico, a gente vai focar no restauro, mas é claro que vai ter um entendimento com a Secretaria de Transportes, vai ter todo um estudo até de adequação do entorno”, afirma Rosana.
A prefeitura informou que já existe transporte público até os locais, mas que as obras das estações precisam ficar prontas primeiro para depois estudar uma melhoria no acesso. Sobre os projetos, apenas o da estação do Limoeiro deve ser entregue ainda esse mês ao governo federal. A estação Martins Guimarães e a de Eugênio de Melo também devem ser restauradas, mas ainda não há prazo.
Sobre a situação da família que mora na estação do Limoeiro, a prefeitura disse que vai avaliar o caso para decidir em que projeto social os moradores serão incluídos, mas não disse quando eles terão que deixar o local.
Fonte: G1, 13/10/2013
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