Escavações do Metrô Rio devem ser retomadas

RIO – O engenheiro do Consórcio Linha 4 Sul, responsável pelas obras do metrô de Ipanema, Aluísio Coutinho disse, nesta terça-feira, que o equipamento conhecido como tatuzão deve voltar a operar nas escavações em 45 ou 60 dias. O anúncio foi feito durante coletiva com representantes do governo estadual e do consórcio, no Palácio Guanabara, para divulgar o laudo com as causas do afundamento das calçadas da Rua Barão da Torre, na madrugada do último dia 11.

Segundo o consórcio, o resultado das análises do assentamento de solo demonstra que o problema foi causado por um comportamento anormal e pontual na face de uma rocha fraturada durante a escavação do túnel do metrô, no subsolo da via. Essa rocha se desprendeu e afetou pequenos blocos vizinhos, ocasionando a descompactação do terreno. Desse modo, o processo evoluiu até a região de solo arenoso, e repetidamente até chegar à superfície.

Para retomar a obra de construção do túnel entre Ipanema e Gávea, o consórcio vai iniciar nos próximos dias serviços que devolvam a “coesão” ao terreno. Serão feitas injeções de cimento no solo, além de adotadas outras medidas no processo de escavação para evitar novos incidentes, com o uso de polímero de alta densidade aliado a material selante.

Participaram do encontro o secretário da Casa Civil, Leonardo Espíndola; o engenheiro Aluísio Coutinho, do consórcio da Linha 4; e o engenheiro da CJC Engenharia, Carlos Campanha.

Segundo Aluísio Coutinho, a obra vem sendo estudada desde 2010 por técnicos brasileiros e estrangeiros. Ele ressalta que há consultores só para os túneis. O engenheiro destacou que na escolha do tipo de escavação, optou-se pelo tatuzão por ser mais seguro e apropriado ao solo da região, e ao fato de a área ser densamente povoada:

— O tatuzão causa menos efeitos na superfície. É uma metodologia consagrada.

Durante a escavação, na área de transição, onde há rocha e areia, um bloco de rocha caiu dentro da câmara de escavação do tatuzão, e outros blocos também se soltaram, causando uma desestabilização.

De acordo com Aluísio, a probabilidade de o problema se repetir é pequena.

— Foi uma coisa anômala e pontual. As fissuras foram estéticas. Não há riscos — afirmou ele.

O engenheiro do consórcio explicou que o acidente ocorreu num trecho em que a escavação acontece numa área de transição, entre a areia e a rocha. Aluísio Coutinho acrescentou que a operação da máquina em trecho de rocha pode causar alguma vibração, mas ela não traz danos. Ele afirmou, ainda, que o tatuzão já escavou 400 metros, dos quais seis no trecho em transição. Ainda falta escavar 20 metros num trecho com solo em área de transição.

O consórcio informou que assim que foi constatado o primeiro desnível na superfície, a área foi isolada, e a escavação, suspensa. Verificou-se que não havia nenhum risco para as fundações dos edifícios do entorno, pois tratava-se de um evento localizado. Com a área isolada, os serviços de água e gás foram interrompidos, e as cavidades, preenchidas com concreto.

Em uma obra deste porte, os imóveis do entorno das escavações dos túneis e estações são monitorados permanentemente. Os prédios recebem instrumentos (pinos de recalque e clinômetros) que possibilitam o acompanhamento de como as edificações se comportam antes e durante as obras. Todas as medições desta instrumentação estão dentro dos limites esperados, sem risco para as edificações.
Fonte: O Globo, 20/05/2014

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