O setor metroferroviário registrou crescimento de 8% na quantidade de passageiros entre 2012 e 2013. Os investimentos na malha, contudo, não avançaram na proporção adequada para atender ao incremento na demanda: a ampliação, no período, foi de apenas 0,5%. Os dados fazem parte do balanço do setor, divulgado nesta terça-feira (20) pela Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos).
Segundo o presidente da entidade, Joubert Flores, o incremento no total de usuários do sistema cresce principalmente porque o modal se torna uma alternativa aos engarrafamentos e à dificuldade para estacionar os carros. Isso também tem exigido mais capacidade do sistema. Mas reforça a necessidade de se viabilizar a expansão da malha: “ainda temos capacidade. Mas o contínuo crescimento da demanda exige expansão da malha. Caso isso não ocorra, vamos saturar e inviabilizar o metrô. As pessoas podem deixar de usar porque estará cheio demais. Às vezes, com um crescimento de 3%, você consegue atender porque o sistema é de alta capacidade”, sustenta.
O setor transporta 9,3 milhões de passageiros diariamente em todo o Brasil e a malha não chega a 960 km de extensão no país. Somente a cidade de Londres, por exemplo, tem mais de 400 km para atender a seus nove milhões de habitantes.
A expectativa é que, em até seis anos, mais 331 km de ferrovias estejam finalizados para ampliar a capacidade do metrô. Os projetos já estão contratados ou em execução. A maior parte está concentrada em São Paulo e no Rio de Janeiro. Mas também serão contemplados Minas Gerais, Mato Grosso, Ceará, Bahia, Goiás e Pernambuco. Isso representará aumento de 34% na atual estrutura disponível. Os investimentos somam R$ 58 bilhões num total de 25 projetos.
Além disso, há outras 20 ações prontas para serem implementadas, que poderiam aumentar a malha metroferroviária em 1,8 mil km de extensão.
Cinco ações que estavam previstas para a Copa do Mundo não ficaram prontas a tempo. Joubert Flores explica que alguns fatores reduzem a agilidade das obras, entre os quais o acesso a financiamento, a demora e o custo para obtenção de licenças ambientais. “Não vejo a demora como problema. O problema seria não levar os projetos adiante. Mas esses estão em execução e alguns, em menos de cinco anos, serão entregues à população”, sustenta.
BENEFÍCIOS DO TRANSPORTE DE PASSAGEIROS SOBRE TRILHOS
Atualmente, o sistema sobre trilhos responde por 3,8% do transporte de passageiros nas cidades. O ônibus equivale a 25% e o individualizado a quase 40%.
Enquanto isso, o metrô tem até 60% menos impactos ambientais que os carros e 40% menos que os ônibus, em razão da menor emissão de gases poluentes, já que a tração é elétrica. Segundo dados da ANPTrilhos, o segmento consome 0,4% da energia elétrica produzida no Brasil. Os metrôs, além disso, ocupam 20% menos espaço que outras opções nos deslocamentos urbanos devido à alta capacidade (até 80 mil passageiros por hora em cada sentido). Esses benefícios, para Flores, justificam os altos investimentos exigidos pelo modelo. Um quilômetro de uma linha de metrô pode custar até US$ 200 milhões.
O presidente da entidade também reconhece a necessidade de se investir na renovação da frota. “Quase 80% da energia consumida é para tração dos trens, que estão, na maioria, com tecnologia defasada. Hoje há opções que consomem até 30% menos energia que as frotas tradicionais”.
DESAFIOS
Além da ampliação da malha, os operadores metroferroviários brasileiros elencaram medidas consideradas essenciais para melhorar o serviço prestado e reduzir as tarifas. Entre elas estão a ampliação das linhas, redução da tarifa de energia elétrica para o setor, desoneração de impostos como ICMS e ISS, desoneração da folha de pagamento e isenção do IPTU pago sobre as estações e vias férreas.
Fonte: Ronda do MS – Campo Grande/MS – NOTÍCIAS – 25/05/2014
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