Quatro entre as dez cidades com sistemas de transporte mais vulneráveis do país estão no RJ

BRASÍLIA — Das dez cidades do país com sistemas de mobilidade mais vulneráveis a mudanças climáticas, quatro estão no Rio de Janeiro. É o que aponta estudo inédito, que foi divulgado nesta quarta-feira, elaborado pelo Instituto de Políticas em Transporte e Desenvolvimento (ITDP), entidade civil que trabalha o tema, em parceria com o Ministério das Cidades. Duque de Caxias é a mais despreparada do Brasil, ficando no topo do Índice de Vulnerabilidade da Mobilidade Urbana, criado pelos pesquisadores para medir o quanto o deslocamento pode ser afetado em cada município diante da ocorrência de ondas de calor, chuvas extremas e elevação do nível do mar.

O estudo analisou as 283 cidades com mais de 100 mil habitantes do país. Para todas, foi atribuído o Índice de Vulnerabilidade da Mobilidade Urbana, que leva em consideração 23 variáveis, tais como o PIB do município, o percentual de pessoas com limitações de locomoção, estrutura institucional do sistema de transportes, geografia da cidade, entre outros. O indicador criado varia de 0,5 a 2, sendo que quanto maior, pior a capacidade de resposta a intempéries climáticas.

O Rio de Janeiro é o estado com mais municípios considerados de alta vulnerabilidade, que têm índice superior a 1,12. Treze cidades fluminenses estão nesta situação. Depois de Duque de Caxias, considerada a mais vulnerável do país, com menção de 1,56, vêm São Gonçalo (1,49), Belford Roxo (1,48), São João de Meriti (1,40). Todas essas fazem parte dos 10 municípios com os piores indicadores do Brasil. Se consideradas as 50 cidades com a situação mais preocupante, 12 são do Rio.

Um dos autores do estudo, Daniel Fontana Oberling, doutor em planejamento energético e consultor do ITDP para adaptação às mudanças climáticas, afirma que as cidades com índices de maior vulnerabilidade em geral são as que fazem parte das regiões metropolitanas e orbitam em torno das capitais. Nesses locais, segundo ele, uma série de fatores leva ao despreparo para lidar com os impactos de alterações na natureza:

— É um grupo de cidades onde o sistema de mobilidade existente já é pouco eficiente, com alto espraiamento da população, que precisa vencer grandes distâncias para chegar ao trabalho. Daí vem a capacidade baixa de se adaptar.

Entre as cidades com as piores menções no Índice de Vulnerabilidade da Mobilidade Urbana, depois de Duque de Caxias, estão Cabo de Santo Agostinho (PE), com 1,53, e Almirante Tamandaré (PR), com 1,50. No outro extremo, entre os municípios com sistemas de transporte capazes de responder bem a mudanças climáticas, Sertãozinho (SP) é o melhor, com indicador de 0,64. Em seguida está Araraquara (SP), com 0,65, e Uberaba (MG), com 0,68.

Além de traçar o panorama das maiores cidades do país, em relação à capacidade de resposta do sistema de mobilidade diante de mudanças climáticas, o estudo alerta para as consequências da situação. Cidades com maior frequência ou intensidade de eventos naturais extremos podem ter a eficiência na mobilidade diminuída, o que, em última instância, resultará em perdas econômicas. Além disso, a qualidade de vida da população fica afetada, destaca Oberling:

— Ao analisar a situação atual, o estudo quer propor caminhos para superar as vulnerabilidades, a fim de evitar perdas no futuro. Se os municípios conseguirem melhorar a qualidade do deslocamento urbano, estarão mais preparados para se adaptar.

RANKING NACIONAL

Veja a situação do Rio de Janeiro no ranking do indicador, que varia de 0,5 a 2, sendo que quanto maior o número, pior a situação do município. Foram avaliadas as 283 cidades do país com mais de 100 mil habitantes:

 

Classificação / Município / Índice de Vulnerabilidade da Mobilidade Urbana

1° Duque de Caxias – 1,566

4º São Gonçalo – 1,498

5º Belford Roxo- 1,487

9º São João de Meriti – 1,406

11º Magé – 1,385

15º Itaboraí – 1,351

21º Nova Iguaçu – 1,322

27º Teresópolis – 1,287

31º Queimados – 1,260

35º Barra Mansa – 1,248

36º Angra dos Reis – 1,234

42º Petrópolis – 1,210

55º Itaguaí – 1,174

72º Mesquita – 1,113

75º Niterói – 1,108

93º Nilópolis – 1,037

96º Maricá – 1,033

123º Nova Friburgo – 0,997

125º Araruama – 0,987

137º Macaé – 0,969

169° Campos dos Goytacazes – 0,914

190º Rio das Ostras – 0,876

199º Rio de Janeiro – 0,870

237º Cabo Frio – 0,820

241º Volta Redonda – 0,814

275º Resende – 0,741
Fonte: O Globo, 30/03/2016

 

 

 

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