Daqui a duas semanas o primeiro trecho do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) entra em funcionamento transportando passageiros entre a Rodoviária Novo Rio e o Aeroporto Santos Dumont, passando pela Praça Mauá e Cinelândia. Porém, em outro trecho, da Central à Praça Quinze, passando pela Praça Tiradentes, pedestres e comerciantes convivem com os transtornos provocados pela obra, que esburacou ruas, reduziu o tamanho das calçadas e prejudicou a circulação das pessoas.
Vias importantes da região, como as ruas da Constituição e Sete de Setembro, viraram um enorme canteiro de obras. A previsão é que o serviço seja concluído no segundo semestre, mas ainda não tem data definida.
— Está difícil andar por aqui. É preciso dar uma volta enorme, driblando as dificuldades — reclama o técnico em telecomunicações Sidney Álvares, de 40 anos, sobre o malabarismo que fez para chegar ao restaurante na Sete de Setembro, onde foi almoçar na quarta-feira.
Com trechos das vias fechadas aos carros, comerciantes reclamam da dificuldade de receber mercadorias e de queda nas vendas. Ermezinda Loureiro, gerente de uma vidraçaria na Rua da Constituição, diz que o movimento reduziu 50%.
— Só não fechamos por teimosia — afirma, acrescentando que a loja é a única, do total de seis, que sobreviveu entre entre a Rua Regente Feijó e Praça Tiradentes.
Sem telefone
Os buracos geram outros transtornos. A dona da franquia de um instituto de beleza entrou com processo na Justiça contra a prefeitura e a empresa de telefonia, após ficar dois meses com três linhas de telefone mudas, no começo do ano.
— Franquia vive de metas e sem o telemarketing não conseguimos atrair alunos nem clientes — se queixa Josely Maria da Silva.
Lojistas se queixam
Para Roberto Cury, presidente da Sociedade dos Amigos da Rua da Carioca e Adjacências, o motivo dos problemas na região foi a falta de diálogo da prefeitura com o comércio. O resultado, segundo ele, foi o fechamento de 19 lojas entre a Rua Ramalho Ortigão e a Praça Tiradentes.
— Não bastassem as constantes mudanças no trânsito, saíram quebrando as ruas sem consultar as entidades de lojistas — reclamou.
Apesar da queixa de Cury, a Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto e a Concessionária do VLT Carioca afirmam que, antes e durante a obra, foi mantido contato com comerciantes e empresas no eixo de influência das intervenções “seja para comunicados pontuais, gerais ou soluções de questões emergenciais.” Alegaram, ainda, que os transtornos são temporários e que o VLT trará benefícios aos estabelecimentos. Sobre a ação da dona da franquia de beleza, a prefeitura informou que não comenta ações judiciais em tramitação.
— Tivemos de fechar por nove meses, pois os carros não conseguiam chegar. A reabertura foi há dois meses. Dos seis funcionários, restaram dois: eu e a caixa. Os preços caíram. A primeira hora, de R$ 14 para R$ 10. Eram 200 carros por dia e agora não passam de 30. Só quem conhece consegue chegar aqui. Vai melhorar após as obras, mas nunca será como antes — diz Alexandre Firmino, 29 anos, manobrista de estacionamento.
Fonte: Extra, 23/05/2016
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